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RAMATIS
VIAGEM EM TORNO
    DO "EU"
   Obra psicografada por
  América Paoliello Marques




                              1
OBRAS DE RAMATIS .

1.    A vida no planeta marte           Hercílio Mães   1955          Ramatis          Freitas Bastos
2.    Mensagens do astral               Hercílio Mães   1956          Ramatis          Conhecimento
3.    A vida alem da sepultura          Hercílio Mães   1957          Ramatis          Conhecimento
4.    A sobrevivência do Espírito       Hercílio Mães   1958          Ramatis          Conhecimento
5.    Fisiologia da alma                Hercílio Mães   1959          Ramatis          Conhecimento
6.    Mediunismo                        Hercílio Mães   1960          Ramatis          Conhecimento
7.    Mediunidade de cura               Hercílio Mães   1963          Ramatis          Conhecimento
8.    O sublime peregrino               Hercílio Mães   1964          Ramatis          Conhecimento
9.    Elucidações do além               Hercílio Mães   1964          Ramatis          Conhecimento
10.   A missão do espiritismo           Hercílio Mães   1967          Ramatis          Conhecimento
11.   Magia da redenção                 Hercílio Mães   1967          Ramatis          Conhecimento
12.   A vida humana e o espírito imortalHercílio Mães   1970          Ramatis          Conhecimento
13.   O evangelho a luz do cosmo        Hercílio Mães   1974          Ramatis          Conhecimento
14.   Sob a luz do espiritismo          Hercílio Mães   1999          Ramatis          Conhecimento

15. Mensagens do grande coração        America Paoliello Marques ?    Ramatis          Conhecimento

16. Evangelho , psicologia , ioga      America Paoliello Marques ?    Ramatis etc      Freitas Bastos
17. Jesus e a Jerusalém renovada       America Paoliello Marques ?    Ramatis          Freitas Bastos
18. Brasil , terra de promissão        America Paoliello Marques ?    Ramatis          Freitas Bastos
19. Viagem em torno do Eu              America Paoliello Marques ?    Ramatis          Holus
      Publicações

20.   Momentos de reflexão vol 1       Maria Margarida Liguori 1990   Ramatis          Freitas Bastos
21.   Momentos de reflexão vol 2       Maria Margarida Liguori 1993   Ramatis          Freitas Bastos
22.   Momentos de reflexão vol 3       Maria Margarida Liguori 1995   Ramatis          Freitas Bastos
23.   O homem e a planeta terra        Maria Margarida Liguori 1999   Ramatis          Conhecimento
24.   O despertar da consciência       Maria Margarida Liguori 2000   Ramatis          Conhecimento
25.   Jornada de Luz                   Maria Margarida Liguori 2001   Ramatis          Freitas Bastos
26.   Em busca da Luz Interior         Maria Margarida Liguori 2001   Ramatis          Conhecimento


27. Gotas de Luz                       Beatriz Bergamo 1996           Ramatis       Série Elucidações


28. As flores do oriente               Marcio Godinho 2000            Ramatis          Conhecimento


29. O Astro Intruso                    Hur Than De Shidha 2009        Ramatis          Internet


30.   Chama Crística                   Norberto Peixoto 2000          Ramatis          Conhecimento
31.   Samadhi                          Norberto Peixoto 2002          Ramatis          Conhecimento
32.   Evolução no Planeta Azul         Norberto Peixoto 2003          Ramatis          Conhecimento
33.   Jardim Orixás                    Norberto Peixoto 2004          Ramatis          Conhecimento
34.   Vozes de Aruanda                 Norberto Peixoto 2005          Ramatis          Conhecimento
35.   A missão da umbanda              Norberto Peixoto 2006          Ramatis          Conhecimento
36.   Umbanda Pé no chão               Norberto Peixoto 2009          Ramatis          Conhecimento




                                                                                                        2
INDICE

Agradecimentos                                             4
O autor espiritual                                         5
As fontes de inspiração de américa                         6
Viagem em torno do "eu"                                    7
Introdução                                                 8
Prefácio                                                   11
Algumas palavras                                           15


  I. Diálogo com o Mestre                                  17
 II. Viagem de Circunavegação                              25
III. Colombo e Jung                                        33
IV. A Antigüidade e a Atlântida                            46
 V. As Explorações do Novo Continente                      55
VI. Sincronicidade a-causal                                64
VII. De onde vem o caráter                                 71
VIII. Europa - Velho Mundo - Homem Velho                   76
IX. América –Admirável Mundo Novo Novo Mundo do Espírito   83
 X. Indias Ocidentais e o Engano Materialista              90
XI. Desbravamento - Técnicas da Parapsicologia – USA       96
XII. Técnicas do Espiritismo – Brasil                      105
XIII. Epilogo                                              112
XIV. O homem novo                                                113

A Médium                                                   114




                                                                       3
AGRADECIMENTOS

        Ao receber a notícia/convite para editar "Viagem em Torno do Eu", obra inédita de
autoria de Ramatis e psicografia da Dra. América Paoliello Marques, não pude conter a
onda de alegria que me invadiu o coração, por conhecer e admirar profundamente o trabalho
dessa dupla, há muitos anos.

        Registro aqui minha gratidão à "Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz", do Rio
de Janeiro, na pessoa de seu presidente Antonio Carlos Alves Telles da Silva, por ceder o
direito de editar esta obra. Agradeço também a uma amiga especial (AM), que prefere
permanecer no anonimato, por sua ajuda e incentivo.

        Como sempre, Espíritos desprendidos e fraternos estão sempre a abrir, aos buscadores
espiritualistas, novos "portais da felicidade", sem medir esforços, promovendo e divulgando
maravilhosas possibilidades para que o ser humano possa desvencilhar-se das malhas do
sofrimento e da dor, conseqüência direta da ignorância espiritual.

       Assim sendo, só nos resta dizer: muito obrigado a todos!
       Que Jesus os ampare sempre e ilumine a senda evolutiva que trilhamos,
obrigatoriamente, apoiados uns nos outros.


                                                                                JS Godinho.




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O AUTOR ESPIRITUAL

        Ramatis, que teve sua última encarnação na terra no século X na Indochina e foi
instrutor de alta hierarquia na Atlântida, Egito, Grécia e Índia, foi no tempo de Jesus conhecido
filósofo egípcio e chegou a manter contato com o Meigo Nazareno e alguns de seus discípulos.
Foi instrutor e sacerdote em um dos inúmeros santuários iniciáticos da Índia. Foi adepto da
tradição de Rama, cultuando os ensinamentos do "Reino de Osíris", o senhor da Luz. Na
Atlântida foi contemporâneo, em uma existência, do Espírito que mais tarde seria conhecido
como Allan Kardec. É ligado a corrente do "Triângulo e da Cruz" que surgiu da união das
tradições iniciáticas do Oriente e dos ensinamentos do Mestre Nazareno, mais difundido no
Ocidente. Tem grande responsabilidade na criação de uma mentalidade universalista. Estimula
o respeito às diversas correntes de pensamento assim como à adoção de ensinamentos
apropriados para época atual. Destaca, por exemplo, a importância da Doutrina Espírita que,
como Cristianismo Redivivo, dispõe de elementos essenciais para a "iniciação do homem
moderno à luz do dia". Ramatis mostra que o sentido real da vida espiritual é o princípio coeso
e eterno do amor crístico e sempre nos recomenda a que evitemos a ilusão separativista da
forma.




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AS FONTES DE INSPIRAÇÃO DE AMÉRICA
        Na obra messagens do Grande coração América explica que dois de seus guias
espirituais, Ramatis e Akenaton formaram no Espáço uma a confraternização que deu origem
a Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz (FTRC). Essa Fraternidade tem a sede
espiritual na Colônia do Grande Coração ,sendo, após os anos 60, a principal fonte de
inspiração de toda a obra canalizada por, América, que foi assistida também por benfeitores da
Falange de Dharma, como Luís Augusto, Rama-Schain e Nicanor, além e outros Amigos
Espirituais.

        No plano físico a FTRC surgiu em 1962, no Rio de Janeiro, como uma escola de
iniciação espiritual: um grupo espírita com características iniciáticas, empenhado em
proporcionar a abertura dos canais interiores do Ser com a sua Essência Divina. Busca-se uma
síntese entre os ensinamentos de todas as eras, do Oriente e do Ocidente, conjugando
princípios de quatro fontes preciosas: a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, o
Evangelho do Mestre Jesus, o Mentalismo Oriental e a Psicologia.

        A proposta é contribuir para o caldeamento dessas grandes fontes de conhecimento, e
abrir caminhos a todos que, sentindo a inquietação da busca de uma Verdade Maior, desejarem
submeter-se as disciplina internas indispensáveis ao surgimento do Homem Novo. O processo
de iniciação espiritual visa tomar o ser consciente da força divina que existe em si mesmo e no
universo, auxiliando-o a assumir, de cada vez mais responsável, a condução seu processo
evolutivo do intercâmbio com as forças espirituais, nos diferentes níveis
de manifestação da energia cósmica. O alicerce desse processo é o autoconhecimento e a auto-
renovação para que o ser testemunhe, onde estiver, o mandamento maior do Cristo: "o amor à
Deus sobre todas as coisas" e "o amor ao próximo como a si mesmo".




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VIAGEM EM TORNO
                  DO "EU"
                Obra psicografada por
               América Paoliello Marques


           Nesta nova obra "Viagem em Torno do Eu", o iluminado
mestre Ramatis se apresenta como um "Guia de
Viagem". Mas não é uma viagem qualquer: é a longa, belíssima e
indefinível caminhada do ser em busca de si mesmo. Ramatis
nos recorda que somos destinados à Luz e que Ela nos atrai
inevitavelmente porque é nossa destinação, algo marcado em
nossa formação genética. Através de ricas analogias, ele faz
um belo paralelo entre o mundo exterior e o mundo interior.
Ressalta a coragem, traço comum entre o navegador Cristóvão
Colombo e o psicanalista Carl G. Yung, para abordar mundos
desconhecidos, um físico e o outro psíquico. Compara Atlântida,
o grande "continente submerso" e seus segredos, com o
abafamento da memória do espírito imortal, ressaltando que
rastros de civilizações p e r d i ( n o t e m p o o u a r q u i v o s
conscienciais                   desvelam-se         aos      espíritos
p r e d i s p o s t o s à l u t a venturosa. Esclarece que, em face da
índole sentimental peculiar ao povo brasileiro, um país e uma
doutrina se ajustaram de forma singular, Brasil e Espiritismo,
recebendo a grandiosa missão espiritual de fazer
ressurgir no Terceiro Milênio, em toda a pureza e simplicidade
sublime, a mensagem do Meigo Nazareno: "Amai-vos, como Eu
vos amei".




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INTRODUÇÃO

        Nosso belíssimo acervo de conhecimentos espirituais na Terra muitas vezes é
encarado como antagônico ou incompatível com os conhecimentos que a Ciência vem
articulando para explicar ou interpretar ou ainda mesmo descrever os fenômenos da vida.

       Temos a sensação de que circulamos em tomo do problema existencial, cada observador
em sua órbita e por efeito das deformações decorrentes das posições diferentes, por um
problema de ótica, não se consegue uma percepção comum da realidade que vivemos.

       Porém, à proporção que nos aproximarmos do Centro Real do nosso existir, as
divergências serão naturalmente diluídas pela inexistência de percepções conflitantes.

        Considerando que essa etapa mais evoluída de nosso crescimento como seres
conscientes ainda está distante, podemos, no entanto, exercitar a capacidade de reconhecer os
pontos comuns que se vão esboçando nas diversas formas do conhecimento, não com a intenção
de copiar, deturpar ou corrigir, mas como uma disciplina a mais, aquela que reconhece o real
valor da colaboração interdisciplinar, visando à reformulação constante, capaz de dinamizar e
garantir o progresso de nossa ânsia de saber e viver com sabedoria.

       O salutar exercício de nos colocarmos no ponto de vista de nossos irmãos para
conseguirmos assimilar-lhes os conhecimentos e submetermos a análises profundas os
nossos próprios pontos de vista, torna autêntica a vivência do "amar ao próximo como a si
mesmo", muito mais enriquecedora do que a tradicional posição de auto-suficiência que nos
envolve em falsa superioridade para convencer nosso irmão a seguir o caminho que nos é mais
agradável ou que parece mais verdadeiro.

       Se estivermos empenhados em "salvar" nossos irmãos, é possível que não nos
possamos "salvar" da estreiteza de nossos conceitos "ideais" e fracassemos pelo fechamento
existencial em que nos confinamos.

       Prevendo essa tradicional posição humana, os grandes Mestres não escreveram e o
Sábio Codificador do Espiritismo condicionou a sobrevivência do Sistema dos
Espíritos1 à necessidade de uma permanente subordinação à análise científica de seus dados.

        Quando Ramatis nos convida, no presente trabalho, a viajar em torno do "Eu",
pretende que aprendamos as rotas interiores que nos conduzirão a nos aproximar
gradualmente do "Centro" onde a Realidade de nossa condição vai sendo mais clara.
Familiarizados com nossos enganos, passo a passo, será mais fácil aceitarmos a necessidade
de uma abertura maior para os bens veiculados pelo pensamento e pela experiência de nossos
irmãos.

        Esta obra desenvolve basicamente o tema no qual nossos Guias Espirituais têm posto
toda a ênfase através dos preciosos anos de aprendizado que a atual existência representa para
nós. Cultivar o princípio da síntese espiritual sonhada pela Humanidade, oferecendo a contribuição
específica de tentar reunir os ensinamentos do Evangelho como síntese da Lei Cósmica do Amor, da


                                                                                                8
Psicologia como expressão do esforço de esmiuçar cientificamente o existir humano e do
Mentalismo Oriental, produto milenar das disciplinas do ser sobre si mesmo, para a eclosão de
potencialidades preciosas da consciência cósmica que adormece em nós.

        Num esforço de confraternização legítima, aqueles que se deslocaram em direção às
paragens espirituais onde as vibrações de Paz e Amor representam uma constante, esforçam-se
através dos tempos em transfundir nossos espíritos num avançado amálgama representado
pela sintonia, mesmo que momentânea, com o panorama cósmico onde não existem
fronteiras, divisionismos ou hiatos entre as partes harmônicas componentes da sinfonia da
Criação.

       A estreiteza das "escolas", "correntes" e particularismos em geral representam o sintoma
mais evidente da posição involutiva em que vivemos. Inseguros espiritualmente, quando
conseguimos alívio, amparo ou apoio em determinada expressão da vida, aderimos a ela como
o náufrago incapaz de sobreviver sem o frágil ponto de apoio de suas estreitas percepções no
oceano insondável da Vida. A instabilidade emocional das fases menores da evolução
contamina a capacidade incipiente de percepção existencial e aferramo-nos aos sistemas
produzidos pelo nobre esforço de orientação do espírito humano em todas as épocas.

        Infelizmente quando a abençoada experiência dos seres mais avançados na escala
evolutiva nos concita a deixarmos para trás o comportamento exclusivista do passado,
reagimos, ainda assim, pouco esclarecidamente.

         Ou rejeitamos o convite por considerarmos que a atitude não sectária representa uma
posição destruidora dos nossos mais caros ideais de realização na área específica a que nos
vinculamos ou ainda aderimos tão apaixonadamente ao convite do pensamento não dogmático
que, por um paradoxo muito humano, nos tomamos partidários ferrenhos de uma corrente de
pensamento dedicada à plena abertura fraterna e desse modo comprometemos
fundamentalmente suas bases de sustentação
         .
         Nosso cuidado precisa, pois, ser dirigido não propriamente 1t escolha do sistema ao qual
nos vinculamos no desejo de progresso, mas muito especialmente à atitude que nos caracteriza a
adesão. É ela que decidirá do proveito ou do aprimoramento interior que obteremos, seja qual
for a atividade a que nos estivermos entregando para dar vazão ao nosso anseio de crescimento.

        Os sistemas científicos, filosóficos ou religiosos representam métodos e
processos de orientação. Desse modo são meios e não fins e nossa habilidade no seu uso é que
decidirá da possibilidade de aprimorá-los para continuarem a acompanhar nosso fluxo de
progresso interior ou da lamentável postura, tão comum à humanidade, de se fazer guardiã de
sistemas que se cristalizam no tempo pelo zelo distorcido de seus adeptos.

        Se nos dedicarmos a combater em nós a nefasta tendência de contaminarmos os bens
recebidos com a nossa inércia espiritual, Compreenderemos quão desnecessária e absurda tem
sido a preocupação de combatermos os adversários de nossas convicções, porque na realidade esse
adversário habita em nós mesmos quando, Invigilantes, percebemos o "argueiro no olho" do
nosso irmão enquanto cultivamos a "trave" no nosso.

        Ao recolhermos nossas armas combativas para o campo das grandes renovações
internas, todo o panorama terreno se modificará. Abrindo o âmbito mental para o novo
entendimento da Vida, um extenso campo de batalha gloriosamente será percebido - o da alma


                                                                                               9
que se busca a si mesma através das mais intensas e profundas renovações interiores. Desde
então um grande e frutífero "silêncio" ocorrerá no tumultuado cenário da vida planetária. A
alma humana coletiva terá cessado a algazarra das disputas externas para colocar-se em
postura interna de sincera auscultação da Realidade de sua origem divina.

       Daí em diante, afinando-se gradualmente pelo "diapasão" da Luz, a vida planetária
emitirá a sonoridade abençoada de um anseio de Paz que, dia-a-dia, se consolidará nos
corações em vias de plena sintonia com a Vida Maior.

       Assim nos falaram todos os legítimos pioneiros da Nova Era, na qual, segundo o dizer
de Jesus, a Terra será herdada pelos mansos e pacíficos.

        Até lá possam os nossos espíritos empenhar-se nas abençoadas batalhas interiores,
onde forças antagônicas milenares produzirão o entrechoque através do qual poderão cair as
muralhas de nossa cegueira contumaz em relação à Luz que habita em nós. Desde então
poderemos compreender porque nos foi afirmado: "Vós sois o sal da Terra", "Que brilhe a
vossa luz."

       Que à humanidade aflita e angustiada de nosso tempo possam surgir como legítimas as
doces ressonâncias das palavras do Mestre no Sermão da Montanha. Tendo "subido ao
monte" pelo esforço de nos elevarmos do "vale" de nossas incompreensões, possamos captar
além das barreiras de tempo e espaço o suave enlevo de Sua presença a nos transmitir a
mensagem de esperança no mundo novo, ou seja, no Reino que então poderá passar a fazer
parte da vida planetária transformada pela Humanidade regenerada, ou seja "gerada
novamente" no seio fértil de uma percepção adequada do panorama universal.


                                                               América Paoliello Marques
                                                      Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1977.



1 Sistema dos Espíritos - significado literal da palavra espiritismo (nota da médium).




                                                                                         10
PREFÁCIO

        Moderada e abençoadamente uma absorção crescente e imperceptível de princípios
espirituais transfunde-se poderosa sobre a Mente coletiva planetária. E no caos aparente das
contradições de toda natureza, os valores negativistas do materialismo desintegram-se, como
um corpo sem alma a putrefazer-se, provocando o exalar de odores nauseantes para os mais
sensíveis. E a cultura luzidia de uma época de falsos luminares esboroa-se contra a
insensibilidade e a frieza dos que se movimentam ainda sob o signo da filosofia do Nada,
onde a Paz, a Esperança e o Amor jamais encontraram acolhimento.

        Uma interrogação generalizada levanta-se de todas as coletividades pressionadas pelos
problemas existenciais, permitindo que se pressinta o surgimento de uma Nova Era do
Espírito, capaz de sobreviver às cinzas do corpo doentio de idéias culturalmente festejadas,
mas incapazes de resistir à ânsia de crescimento do Espírito Imortal.

        Os braços ciclópicos da contracultura2 representam o produto natural de uma reação
que rejeita a "doença" do negativismo, buscando um novo renascimento do espírito. A
rebeldia, o protesto e todas as formas de rejeição à situação de fato representada por uma
cultura brilhante, porém, construída sobre a areia da negação da Vida Superior, representam o
sintoma de uma vitalidade que não se extinguirá nunca. Significa a falência das profecias dos
filósofos da negação, que desejam ver a humanidade caminhar hipnotizada para o sepulcro da
destruição dos valores espirituais.

        E mesmo quando a rebeldia da reação à anestesia do Espírito revela-se por atitudes
naturalmente imaturas na geração atrofiada pela ausência prolongada das sementes de nutrição
espiritual, a inadequação dos meios de protesto ainda assim não consegue obscurecer a
realidade de que, mesmo nos últimos estertores de uma época onde os valores espirituais se
deterioram, encontra-se presente o fulgor ou a centelha da imortalidade, quando, como animal
mortalmente ferido, a Humanidade reage ainda contra o ópio da alma que o materialismo
representa e busca explicações mágicas, procedimentos místicos ou até mesmo terríveis expressões
do satanismo, como desafio à cegueira do culto "científico" à destruição de seu direito à
imortalidade!

        A herança espiritual do homem de hoje é comparável a uma religião cuja divindade
máxima é o Nada. E assim como no passado os povos entregavam a Moloch, nas chamas da
destruição, os seus inimigos para propiciar a divindade destruidora, os "sacerdotes" da ciência
materialista lançam anátema sobre aqueles que se rebelam contra o culto da ilusão dos
sentidos, entregando-os às chamas devoradoras de uma campanha de descrédito. Para eles,
que não têm "olhos de ver" nem "ouvidos de ouvir", a simples possibilidade de investigar os
aspectos espirituais da vida é rejeitada como "anticientífica", porque considerada
antecipadamente errônea. E o dogma do materialismo continua a determinar o
comportamento humano, mesmo quando a matéria já se liberou dos "véus de Maya" e
apresentou-se como o "mágico" fenômeno da energia condensada.

        Entretanto, dia a dia ganham corpo as teorias avançadas da Física e da Parapsicologia e
as fronteiras rígidas das percepções limitadas ao campo sensorial desfazem-se, deixando perceber


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novos horizontes com perspectivas promissoras da esperança de um existir pleno de valores
ainda impossíveis de serem definidos.

        E, pouco a pouco, à proporção que a poeira dos grandes desmoronamentos teóricos do
passado "científico" se esvai, começam a ser delineadas novas concepções da Realidade
circundante e percebe-se, com espanto, quanto elas representam um retorno aos ensinos dos
grandes Mestres do passado remoto, cujas palavras hoje tomam o sentido de ficção científica na
era do descobrimento do átomo como energia propulsora.

        As concepções abrangentes do Universo como um conjunto de energias cósmicas
palpitantes, a noção de uma vivência pluridimensional cujos estágios mais rarefeitos são
determinantes dos mais densos; a identificação do conjunto universal como um "grande
pensamento"3 e toda uma imprevisível reformulação de amplitude antes inacreditável abrem
campo às cogitações sobre o existir humano, onde a antiga Filosofia ainda pode ser considerada
estreita para conter toda a nova gama de assombrosas reformulações no campo da
investigação científica.

       Espiritualistas deixam de ser visionários para serem considerados como seres capazes
de grandes "insights", palavra nova com a qual se procura catalogar respeitavelmente o
desacreditado dom divinatório de todos os grandes iniciados.

         E, de Hermes Trismegisto a Giordano Bruno e a Francisco Cândido Xavier, uma grande
jornada se efetuou através dos tempos, na qual multidões de seres se dedicaram a fortalecer as
vinculações entre o visível e o invisível, lutando silenciosamente contra os preconceitos do
estreito materialismo em todos os tempos e assim permitindo que não se apagasse nunca o rastro
da Luz do Espírito Imortal, em sua escalada impassível de retorno às origens espirituais
da Vida.

         Porém, o novo homem que surge como produto híbrido de fé e descrença, é frágil e
vacilante em sua singular caminhada. Avança com passo inseguro e seu pensamento,
caracterizado pela intensa atividade de busca, oscila entre o "sim" e o "não". Uma grande
expectativa vibra em seu Ser, pois se decidiu a encontrar o Caminho mais apropriado à
plena expansão de suas potencialidades. Naturalmente seu processo de deslocamento é
lento, mas torna-se a cada passo a grande e inolvidável aventura de reconhecimento do campo
aberto à vida que o Universo representa. Exteriormente talvez seja identificado como um ser
frágil e indeciso, para a era em declínio do culto à eficiência externa a qualquer preço, pois seu
interesse encontra-se centrado na busca da plenitude existencial em seu mundo interior.

        Diante de tais descrições seria lógico indagar: "estaríamos apregoando a validade do
retorno à experiência mística caracterizada pelo desprezo ao mundo com todos os seus
valores positivos? A Nova Era seria composta por homens desligados da ação construtiva no
plano material? Nesse caso, não estaríamos ameaçados de um retrocesso pela inabilidade na
manipulação da estrutura do grau de civilização alcançado?"

       Em resposta precisaríamos discernir o homem eficiente do século XX, responsável
pela previsão de uma tecnologia superior a tudo que se poderia sonhar há um século atrás,
encontra-se na posse de plena compreensão e do domínio de suas responsabilidades diante do
panorama que lhe cabe manipular. E então compreenderemos que se tornou escravo de sua
suposta "eficiência", pois para exercê-la tal como lhe é exigido abre mão de seu direito à
individualidade como ser humano, mecanizando-se como peça ajustada de um grande conjunto


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sem alma.

       O ser aparentemente frágil e indeciso que prefere marginalizar-se é estruturalmente tão
débil quanto o que se deixa arrastar pela voragem dos acontecimentos, impotente para uma
reação pessoal. Poderíamos mesmo supor que uma frágil reação de reajustamento vivencial se
esboça naquele que se encontra atônito, mas que pára a fim de não se deixar arrastar.

        Para esse ser enfraquecido e espoliado, aparentemente desprezível por não se engajar no
conjunto dos "bem sucedidos na vida", segundo os padrões do materialismo moribundo,
existem esperanças de crescimento, desde que não se detenha no desencanto e no desalento
provocados pelo desajuste existencial que o cerca. Se após a parada inicial onde se
conscientizou do horror de ser devorado pelo negativismo da cultura "positivista' decidir
encontrar novos caminhos; se não considerar compensadora por si mesma a atitude de oposição
que desperdiça energia e não conduz a nada, senão à hipertrofia da vaidade e do
personalismo; se sua necessidade de reação se erigir sobre os alicerces resistentes de um
espírito de crítica construtiva e benéfica, então novos rumos lhe estarão disponíveis na
abençoada troca de valores entre o potencial extraordinário de riquezas intraduzíveis que
adormece no seu arsenal interior, na Origem Espiritual da Vida, que então reconhecida, abrir-
lhe-á o novo mundo a ser conquistado, onde as trocas energéticas entre sua Centelha Espiritual e
a Vida surgirão como um novo modo de existir, onde mesmo vinculado aos compromissos da
matéria, conseguirá sentir-se filiado às esferas imortais do espírito.

       Desde então o ser humano se constituirá no grande descobridor de novos continentes,
onde a vida se diversificará por enriquecimento crescente na extraordinária aventura de
aproximar-se cada vez mais do próprio "Eu", redescobrindo os segredos da Vida e desfazendo
gradualmente as distorções da ótica imperfeita das primeiras etapas evolutivas.

       E nessa viagem em torno de si mesmo tornar-se-á pioneiro de processos novos de existir,
encontrando outros que se lhe associam, estimulados pela mesma necessidade interior de evoluir
em direção à própria destinação espiritual!

        Desse modo, pouco a pouco, engrossar-se-ão as fileiras dos mansos e pacíficos que
herdarão a Terra para nela consolidarem o mundo de regeneração e de Amor, onde o pequeno, o
desajustado e o aflito encontrarão apoio, amparo e segurança, pois dai em diante o Pastor
começará a reunir o Seu rebanho para a jornada de Paz e de Amor!


                                                                     Convosco, hoje e sempre,
                                                                     Rio, 21 de março de 1978.

                                                                                    RAMATIS



       (2) A contractura pode ser entendida de duas formas.

       O termo contracultura se refere ao conjunto de movimentos de rebelião da
juventude que marcou os anos 60, como o movimento hippie, a música rock, a
movimentação nas universidades, as viagens de mochila e as drogas. O apogeu do
movimento da contracultura ocorreu no Festival de Woodstock, nas proximidades de Nova


                                                                                             13
Iorque, em agosto de 1969, quando 300 a 500 mil jovens reuniram-se para um encontro de
massas para celebrar o rock e manifestar-se pela paz. Trata-se, então, de um fenômeno
datado e situado historicamente e que já faz parte do passado.
        De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral,
mais abstrata, a um certo estado de espírito, a um certo modo de contestação, de
enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante
estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo
de crítica anárquica que, de certa maneira, "rompe com as regras do jogo" em termos de
modo de se fazer oposição a uma determinada situação. A contracultura, assim entendida,
reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel
fortemente revigorador da crítica social.

       (3) Referência às palavras do físico James Jean.

       (4) Nota do revisor: Há um preconceito no positivismo científico segundo o qual Nó
há ciência do visível e da quantidade, do fato e da lei. Dessa forma, linde a excluir todo o
imenso campo das ciências metafísicas e sobrenaturais.




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ALGUMAS PALAVRAS

       Nesta oportunidade, expressar-me sobre a magnitude desta obra significa simplesmente
reconhecer o sidéreo que este fenômeno é para entrega de Amor e Paz - como é a chave inicial
de todas as entregas - acrescentando algo muito grandioso: a Sabedoria do Mestre Ramatis.

        Não é minha intenção, como Ramatisiano, avaliar sob minha humilde lupa, o que
esse prestigioso Mestre entregou à Humanidade em suas obras, que não poucas, uma vez que
por si mesmas falam do magnífico que emitiu e ainda emitirá futuramente por suas qualidades e
condições siderais, pois não somente prepara os estudiosos de qualquer origem religiosa, mas
também oferece a cada ser emancipado, "aquilo" que sua condição mental pode assimilar.

        Como deixei entrever anteriormente, Ramatis não é um Luminar somente para este
planeta Terra, onde demonstrou amplitude de conhecimentos, mas também demonstrou
possuí-la sobre outros planetas de nosso Sistema Solar, além de outros corpos de sistemas
distintos ao nosso, como é o caso de Capela. Primeiro detalha minuciosamente a vida material
e espiritual da humanidade do planeta irmão Marte, como que anunciando as futuras etapas
com as quais deverá defrontar-se nossa humanidade selecionada nas sucessivas etapas de
evolução, coincidindo como planeta de "Regeneração" a partir do Terceiro Milênio.

        Em segundo lugar, demonstra a capacidade de seus conhecimentos, quando enfoca
as características materiais e espirituais do planeta Capela, situado em outro sistema, e
também discorreu sobre os exilados desse planeta até o nosso orbe, desde a Lemuria até os
dias atuais, em que continuam muitos desses exilados sob regime de provas, prestando seu
exames, agora junto a nossa humanidade, no profético e simbólico "fim dos tempos".

       Com base nessa enorme preocupação sideral que possuem as hierarquias sobre o
nosso planeta e sua humanidade, é que todos os Mestres tratam de inculcar em seus estudos
aos adeptos e simpatizantes, a enorme responsabilidade que compete a cada um perante a
Lei.

        Sendo assim, aqui temos uma nova, simpática e estimulante proposição de Ramatis,
não só para os estudiosos que o seguem por meio de seus trabalhos. Aqui se coloca algo
novo, contundente e eficaz, sob o principio construído e incorporado em nosso acervo
milenar e espiritual, que é o mesmo que dizer, quanto temos assimilado em nossa
larga trajetória reencarnatória até o presente.

        "Viagem em Torno do Eu" não é uma obra literária, e sim uma obra que se integra
à coleção de Sabedoria Ramatisiana. Nem tampouco visa a colaborar para despertar o
estudioso adogmático, livre, sem ataduras para nenhum caminho ou religião que professe
ou haja professado, pois, na hora crítica que se encontra o ser humano, o importante é
munir-se do caudal de experiências trazidas e assimiladas ao longo dos milênios, para
colocá-las ante a hora profética do presente; é ir de encontro e extrair dessa bagagem as
fibras íntimas de nossa contextura espiritual.



                                                                                          15
Assim como a mente organiza um determinado trabalho, seja qual for, move
com sua disciplinada vontade, a orientação para chegar a um final feliz de sua obra
planificada.
        O que propõe Ramatis, como primordial e necessário, para avaliar nossa condição
espiritual interna?

       Não cabe a menor dúvida de que a humanidade vive atribulada com as
experiências de toda sorte, advindas da tecnologia do século XX. Para tanto, o ser humano
se preocupa enormemente com sua subsistência material, suas possibilidades
econômicas e com o que menos se preocupa é com seu aspecto moral e sua
obrigação para com seus semelhantes, e ainda menos com o que diz respeito a sua
evolução espiritual.

       Diz-se que os estudiosos espirituais são muitos no mundo, mas, no contexto dos
quase seis bilhões de encarnados, os curadores ficam muito reduzidos. Aqui é onde Ramatis
nos recorda com muito amor, que o homem do século XX possui elementos em sua
bagagem espiritual que não devem ser desprezados, pois empreender a "viagem"
ao interior de nosso acervo espiritual é ir buscar algo semelhante, como um oásis em
meio ao deserto, que é a situação em que se encontra o homem moderno, no que diz
respeito às lutas diárias com que se depara na selva de pedra atual. Onde encontrar
o oásis que sacie a sede espiritual? Por onde começamos?

        Comecemos por analisar as qualidades que possuímos e de que modo
empreendemos a viagem ao redor de nós mesmos, usando nossas próprias ferramentas;
é bom ir sabendo que, dessa nova experiência, a conclusão é situar-se simbolicamente à
"direita" ou à "esquerda" do Mestre Jesus.

            Não é minha função detalhar as qualidades "crísticas" ou " a n t i c r í s t i c a s " q u e
r e s u l t e m d o c a m i n h o i n t e r i o r q u e empreendemos, porque a sábia condição de
Ramatis nos fará reencontrar com o "maná" que possuímos e que, muitas vezes, não o
conhecemos e muito menos o aproveitamos.

        E, quão sublimes são os valores que nos apresenta este Mestre nesta
transcendental obra, que o único desejo que possuímos, depois de nossas sinceras
reflexões, é dar graças ao Mestre por recordar-nos o quanto tínhamos e não
soubemos compreender e aplicar, tendo a fonte inesgotável no íntimo de nossas centelhas
espirituais.

      E, finalmente, umas palavras de amor e consideração perante o prodigioso e
louvável labor mediúnico, recepcionado pela D?. América Paoliello Marques, que
juntamente com o Dr. Hercílio Maes, lograram completar um ciclo de ensinamentos de
Paz, Amor e Sabedoria, dos quais tanto necessita nossa humanidade, e que este
Luminar possa seguir oferecendo para a humanidade regenerada do Terceiro Milênio, por
intermédio de novos e amorosos sensitivos.



       Manoel Valverde (principal tradutor das obras de Ramatis para a língua espanhola)

                                                           Buenos Aires, 12 de novembro de 1999.


                                                                                                     16
Capítulo I

                    DIÁLOGOS COM O MESTRE

       Pergunta         - Ao nos colocarmos perante o trabalho, procurando servir de
instrumento ainda que imperfeito à inspiração Superior, após expressarmos nossa gratidão
pela abençoada oportunidade de serviço que se renova neste momento, desejamos tornar-
nos capazes de corresponder à expectativa representada pela necessidade de "filtrar" os
ensinamentos necessários a nós e aos nossos irmãos. Para isso colocamo-nos diante do
Mestre Jesus, invocando-Lhe a assistência generosa que nos permita elevar o padrão
vibratório para o serviço do Amor. Sabemos que neste momento iniciamos um diálogo com
o Mestre que é a Luz do Caminho, pois seguimos a recomendação do Seu Evangelho,
procurando tornar-nos os servos diligentes da "última hora", esperando receber
orientação sobre como serão conduzidos os referidos diálogos no presente trabalho.
         Ramatis - Cenas belíssimas dos momentos de intercâmbio d' Aquele que é a Luz do
Caminho na Sua passagem sobre a Terra poderiam ser evocadas de nossa memória espiritual,
visando conduzir-vos ao suave enlevo com o qual os mortais usufruíram os privilégios de se
acercarem Dele, que, sereno e solitário, vagou por montes e vales, espargindo a Luz das
paragens cósmicas. Aos que possuíam "olhos de ver", um divino estupor paralisava o
sentido do tempo e do espaço e como um vórtice irresistível entrava em cena a dimensão
eternidade, como resultado da ação do "campo" energético por Ele mobilizado na grande magia
crística de que Se fazia o centro.
         Bastava essa visão celeste para mobilizar ecos adormecidos nas almas bem formadas,
numa vaga percepção de suas vinculações com o inexprimível processo de dinamização
psíquica representado pelo Ser - vórtice de Luz - cuja presença paralisava o impacto da
treva na vivência humana. E uma grande e fulgurante interrogação se delineava nas mentes
assim tocadas, momentaneamente, para o grande desafio do despertamento consciencial,
como um rastro de luz de natureza inexplicável, a desafiar a pesquisa posterior por
períodos de longos séculos de renovações constantes.
         Numa cena aparentemente comum no Planeta, um homem falava à multidão,
dialogando com ela. Entretanto, os registros astrais e mentais dos seres envolvidos no
referido evento eram abalados por uma energização, por um impacto vibratório
proporcional à grandiosidade do escoamento de forças poderosas às quais aquele Ser
encontrava-se vinculado.
         E todas as vezes que, daí por diante o processo de interiorização ocorresse
em momentos decisivos das almas assim tocadas, repercussões infinitas ocorreriam em um
nível não verbal, de profundidade proporcional à inexplicável experiência de se ter um
dia sido tocado pela suave magia do Amor Crístico, exalado da aura do Mestre da Luz.


       Pergunta - Seria o objetivo do presente capítulo relembrar os diálogos
estabelecidos entre o Mestre Jesus e os homens que Lhe buscaram o convívio?
       Ramatis - Por trás das ocorrências do plano físico encontra-se a
mensagem correspondente de nível espiritual profundo, como cenas de uma peça


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montada para despertar reações a longo prazo nas mentes do público. Quando
a Espiritualidade planejou a passagem didática de Jesus entre os homens, previa-se que
nos Seus três anos de apostolado de Amor estariam depositados os recursos pedagógicos a
se desdobrarem em repercussões infinitas. Em especial, estaria sendo montada na
mente coletiva a imagem do diálogo do Ser consigo mesmo.


       Pergunta - De que forma interpretar essa última afirmação?
       Ramatis - Nos Planos Cósmicos da Criação, a trajetória do       espírito em sua
escalada evolutiva encontra-se traçada de forma segura e garantida a execução
desses mesmos Planos através de Mecanismos impressos nas matrizes mentais de seus
executores. Desse modo, tanto os Grandes Planos como o "itinerário" do ser
individual em sua jornada para a Luz, encontra-se assegurados por Leis que se cumprem
rigorosamente.
        A passagem dos Mestres junto às coletividades de todos os níveis evolutivos
visa objetivar, para os que ainda não conscientizaram a diretriz interior, a situação
dialética entre o ser mergulhado no mundo das formas e a sua própria realidade
espiritual.


       Pergunta - Como podemos compreender a utilidade dessa objetivação                   visando
uma repercussão profunda se de modo geral os espíritos ainda não se encontram
preparados para seguir o Caminho, nem mesmo em nível de adesão no mundo das
formas?
         Ramatis - O mundo das formas em seus aspectos f r us t r a d o r e s s e r v e
p a r a a c o r d a r r e a ç õ e s p o d e r o s a s d e reajustamentos profundos. A alma, em seu
aprendizado inicial, necessita do choque de retorno que rege os planos da evolução,
sem o qual não se concretizaria o despertamento necessário. É a lei do carma que permite
a atualização gradual das potencialidades divinas do Ser em crescimento.
         A repercussão profunda do chamamento ocorre em dois níveis simultâneos.
Participando dos eventos, mesmo que semiconsciente do panorama circundante, o
espírito submete-se à açâo energética da ocorrência como num laboratório de dupla ação.
Como ser humano avalia os fatos ao nível de sua capacidade de percepção, registrando o
impacto emocional e intelectual na Memória espiritual para futuras reavaliações, guardará
esse registro como uma amostra mais ou menos proveitosa do nível de seu
aprendizado perante o reagente através do qual sua sensibilidade foi tostada. Embora não
consiga avaliar integralmente o significado da experiência vivida, ela não se perderá. Um
diálogo de maior amplitude ocorre entre o Ser e a expressão esplendorosa de Vida
representada pelos Seres já iluminados, como mensagens vivas da Divindade em plena
expressão à divindade latente no Ser ingênuo ou embrionário em suas reações perante a Lei do
Amor.


       Pergunta       - Essa ocorrência se verificaria indistintamente para todos os
personagens das cenas referidas entre os Mestres e a Humanidade? Como compreender o
papel dos que se colocam em posição de antagonismo frontal aos ensinamentos vivos que os
Mestres representam?
       Ramatis - Esses se encontram em oposição à própria capacidade de crescimento

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dentro da vida. Agridem-se a si mesmos e com isso constroem os instrumentos de despertamentos
dolorosos futuros. Na medida em que hajam participado negativamente de encontros com os
Mensageiros da Luz, maior será o contraste da dor a ser suportada por ocasião do despertamento
de sua percepção espiritual.
         Dessa forma os eventos presenciados funcionarão como benéficos catalisadores de
uma renovação dolorosa, mas grandemente produtiva.
         Pergunta - Tendo em vista que tais espíritos encontram-se despreparados para o
aproveitamento dos ensinamentos que rejeitam, não seria rigor demasiado submetê-los a uma
experiência superior a sua capacidade de aproveitamento?
         Ramatis - O Amor jamais exige, porém não consegue restringir-se perante o desamor. É
da Lei que ele se expanda, pois o Universo lhe pertence. A luz precisa propagar-se, sem o que
deixaria de ser o que é. Se alguém não deseja recebê-la precisa endurecer-se, construindo
barreiras à sua expansão. Essa experiência pertence ao aprendizado da auto-expressão do
espírito. A luz, como o Amor, não exige. Doa-se sem impor-se, pois todos podem fechar-se sobre
si mesmos no clima da negação pelo tempo que desejarem, suportando, porém, o ônus
necessário do ressecamento espiritual. Se a Lei não previsse formas de despertamento ela não
seria a Lei do Amor, consentindo na continuidade indefinida da distorção do principio evolutivo
impresso no cerne da natureza divina dos seres criados.


       Pergunta       - Em se tratando, porém, de seres "ingênuos ou embrionários" não
estaria caracterizada uma situação de impotência temporária? Sendo assim, como
compreender que precisem suportar conseqüências dolorosas pelas suas reações
inadequadas?
        Ramatis - Tais reações não seriam, em absoluto, inadequadas, considerando-
se a necessidade de todos os espíritos passarem por todos os níveis do processo de evolução.
Entretanto a imaturidade não representa obrigatoriamente distorção e antagonismo à Lei. O
imaturo simplesmente não se toca, não consegue responder à altura do evento no qual participa.
Milhares de almas presenciaram a passagem do Mestre e registraram tais eventos como seres
despreparados para segui-Lo, deixando-se tocar pela Sua Luz e prosseguindo no ritmo peculiar
de sua ascensão incipiente. A esses ocorrerão reminiscências mescladas de melancólica
percepção de sua impossibilidade temporária para refletir e absorver todo o Bem que lhes fora
oferecido de maneira generosa. Captarão ecos preciosos diluídos na esteira do tempo, como a
luz amortecida pela neblina de sua consciência semidesperta. Porém, a figura do
Mestre estará preservada em sua memória, vinculada à repercussão do beneficio que puderam
captar.
        Entretanto, essa não será a situação dos que O rejeitaram deliberadamente.


        Pergunta - Essa última afirmação pode repercutir em muitas mentes como uma
proposta de represália no Plano Superior. Que dizeis?
        Ramatis - Antes de assumirem a posição de antagonismo à Luz, os espíritos
rebelados conheceram o valor da Luz. Não são, portanto, isentos de responsabilidade de suas
decisões, inclusive porque o Plano Espiritual Superior vela incessantemente para o
esclarecimento oportuno de todos na Grande Caminhada. Quando se afirma que um espírito
rebelde é ignorante, isso não significa que esteja alienado por não possuir capacidade de
avaliação dos atos que executa e sim que preferindo posicionar-se em contraposição à Lei,
inscreve-se nas falanges que buscam ignorar os resultados de seus atos destrutivos. Seriam
ingênuos no sentido pejorativo do termo, pois sua consciência embrionária, embora advertida


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pelos mensageiros e servos da Luz, tenta contrapor-se à Força Criadora cuja grandiosidade,
beleza e Amor entoam constante hino de harmonia em todo o Universo manifestado.
        Mobilizados pela revolta que a inveja dos seres mais harmonizados lhes incute no
espírito, inconformados com a necessidade de esforços constantes para conquistarem os bens
que cobiçam sem desejarem pagar o preço de sua conquista, pretendem "tomar de assalto o
reino dos céus", ferindo-se nos processos defensivos de que o Universo é provido para a
preservação do Sistema garantidor do progresso a todos os seres viventes.
        Impotentes para inverterem o panorama da Vida, dedicam-se a ferir seus irmãos mais
esclarecidos, tentando denegrir-lhes a reputação e impedir-lhes o progresso, acarretando longos
processos de revisão cármica para o futuro.
        Mesmo nesses casos, porém, é possível constatar que permanece viva a chama de uma
busca constante de bens simbolizados na felicidade ansiosamente procurada, mesmo que por
meios inadequados. E em quem possuir "olhos de ver" permanecerá de pé a constatação de
que, por trás dos estados dolorosos provocados pela inadequação dos meios, o processo de
despertamento espiritual continua em andamento incessante nas grandes e tumultuosas
elaborações do psiquismo inconformado. Em síntese, mesmo o trânsfuga da Lei vive, reage e
aprende sob a égide do Amor que o constrange a corrigir-se para conseguir alcançar a Paz.


       Pergunta - E quanto àqueles que não tiveram a oportunidade de
contatos diretos com o Mestre, de que forma ocorreria seu despertamento? Não possuindo
um modelo no plano das formas, como despertar os ecos espirituais para o sublime diálogo
com o seu Eu Superior?
       Ramatis - Da mesma forma que o ser humano preserva inconscientemente o
"clima" espiritual de seu grupo familiar nos mais recônditos mecanismos de suas reações
atávicas, todo ser criado possui a "marca" espiritual de sua Origem Divina. E da mesma forma
que gostos, tendências e potencialidades genéticas permanecem como um traço de união entre
os membros de uma raça ou família humana, o ser espiritual, marcado pela sua programação
evolutiva, permanece ávido de aspirar o perfume das Esferas de Origem. E, mesmo
mergulhado no processo de renovação cármica das primeiras etapas de seu crescimento,
permanece sensível ao chamamento da Vida Superior, enquanto não se endureça
propositadamente visando o apego dos bens materiais.


         Pergunta - Não existindo a presença evidente de um Mestre para exercer a função
de um detonador psíquico do diálogo do ser consigo mesmo, qual seria a forma desse
processo ser desencadeado?
         Ramatis - O Universo criado representa uma gama infinita de mensagens codificadas
através de um espectro de vibrações que fluem desde a Energia Central da Vida ao mais
rudimentar dos seres organizados. Essa sinfonia de cores, formas e sons visam à sensibilização
dos seres viventes para a esplendorosa descoberta de sua destinação divina. Os pássaros que
cantam, a luz dos sóis a se refletir sobre todo o panorama dos sistemas planetários com as
infinitas gamas de efeitos policromos e multifários, os próprios reflexos de todas as interações
efetuadas pelos corpos e energias em pleno funcionamento sobre o conjunto energético
representado pelo ser psicofísico representam permanente processo de sensibilização para o
reconhecimento do Caminho a ser seguido pelo espírito em seu deslocamento dirigido ao
despertar de sua autoconsciência crística.




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Pergunta - Poderíamos compreender que bastaria o processo de despertamento
energético do ser vivente para ser atingido o objetivo de um encontro com o seu Eu
profundo?
       Ramatis - Quem poderia isolar um único ser existente no mundo das formas
materiais ou mais sutis, em relação às forças que permanecem percorrendo a vastidão dos
espaços, provenientes de Mentes seletoras, capazes de imprimir ao fluxo da Energia Criadora o
ritmo da evolução geral?
       A Centelha Divina fertiliza o Universo criado por permanecer comandando o
progresso do espírito imortal e tanto vibra nas altas freqüências do Amor Crístico presentes nas
Esferas Superiores da Vida como ressoa timidamente no ser semiconsciente de sua natureza e
origem.


       Pergunta - Poderíeis fornecer maiores esclarecimentos?
       Ramatis - As Mentes dos Planejadores siderais energizam os campos vibratórios dos
mundos sob seus cuidados. Por sua vez seus prepostos de todos os níveis funcionam como
transformadores do potencial energético do Amor Crístico, disseminando a Luz da
Espiritualidade e mantendo-a acesa em todas as épocas e locais. Os Mestres que encarnam como
Avatares da Luz Crística em todos os grandes momentos previstos pela pedagogia sideral
derramam mais um pouco de óleo nas modestas lâmpadas que os seres de boa vontade
representam e essas, por sua vez, continuam a fazer, arder a chama do Amor puro na medida
de suas forças, servindo de ponto de referência para aqueles cuja luz ainda permanece
amortecida nos processos densos das encarnações iniciantes.
        Desse modo, a intuição aguçada do homem que se espiritualiza por um processo
natural de amadurecimento através das múltiplas experiências reencarnatórias, tem
identificado no sol, nos ventos, nos trovões, nas árvores, assim como nos seus irmãos mais
avançados em sabedoria e amor um sucedâneo legítimo dos Mestres que lhes falam sem palavras
pelas vias naturais de sua percepção espiritual, sobre a destinação superior ainda ignorada em seus
aspectos mais rarefeitos.
        E aquele sublime diálogo do Ser consigo mesmo permanece ativado no silêncio
do templo interior, que vai, aos poucos, povoando-se de imagens representativas do grande
evento de um despertar da consciência sobre si mesma e sobre o Universo!
Paulatinamente, permeando os séculos e milênios, tais imagens sofrem reduções
necessárias em seus aspectos inadequados, sendo substituídas por outras mais cristalinas e
diáfanas, apropriadas à percussão e impregnação energética de maior lucidez e mais perfeita
conexão com sua Origem divina.
        Tal "transmutação alquímica" processa-se, indiferentemente, com ou sem a presença de
Mestres perceptíveis.


        Pergunta - Como deveria ser interpretada a afirmação de que "quando o discípulo
está pronto o Mestre aparece"?
        Ramatis - Em última análise significa a impossibilidade de alguém estar
desvinculado de sua Origem Divina e da proteção dela decorrente. Representa ainda a realidade
de um processo que se cumpre com a mesma regularidade prevista para a execução dos
grandes planos da Criação, pois esses possuem também flexibilidade suficiente para conter
as influências eventuais de desvios decorrentes das naturais oscilações dos planos das
formas.


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Poderíamos ainda interpretar tal afirmação como referida ao momento em que a
personalidade humana absorve de sua Centelha Divina mensagem suficientemente clara para
submeter-se aos interesses imortais do espírito, tornando-se apta à sensibilização perante as
irradiações sublimadas dos seres que avançam nos níveis mais sutis do Universo. Antes
desta ocorrência encontra-se, como toda a Criação, mergulhado na Vibração crística do Amor
Universal sem, porém, ser capaz de
        registrá-la.


       Pergunta - Como é vista pela Espiritualidade a ânsia atual, mente disseminada em
todas as latitudes do globo terrestre, brear um Mestre para ingressar nos caminhos da vida
mistica?
       Ramatis - Como decorrência natural do ressecamento espiritual da civilização
materialista.


       Pergunta       - Não existiria a possibilidade de os seres humanos recaírem na
situação que Jesus classificou como a de "cegos que conduzem outros cegos" com o risco de
ambos caírem no abismo?
        Ramatis - Seria mais adequado considerar que, sentindo-se todos à beira do
despenhadeiro, os cegos resolveram tornar-se solidários, aproveitando o pouco de visão
de que ainda dispõem para tentarem encontrar o caminho que os afastará das
imed iações dos sorvedouros da corrupção e do egocentrismo, onde grande parte de
suas reservas de vida já se encontram imoladas.


       Pergunta - Como interpretar a grande proliferação de místicos, gurus e profetas
em nossa época, compreendida por uns como um elemento salvador e de esperança e por
outros como uma perturbação a ser combatida pelos mais esclarecidos?
        Ramatis - Os falsos gurus, místicos e profetas que hoje assustam os "mais
esclarecidos" representam a proliferação natural da grande máquina de manipulação do
semelhante, cujas origens remontam a milênios, representada pelos sacerdotes e sábios ou
cientistas venais que se interpõem, por interesses egoístas, entre a Verdade e seus irmãos
menos esclarecidos. A esses o Mestre interpelou com as pungentes palavras: "Ai de vós,
que conheceis o caminho, mas não passais a ele e não permitis que passem os vossos
irmãos", acrescentando que muito maior seria o peso de sua responsabilidade porque
se interpunham entre a Luz da Vida Maior e aqueles que se confiavam à sua guarda.


       Pergunta        - Estariam os cientistas e religiosos que combatem as novas
tendências místicas largamente difundidas nas últimas décadas, implicados de algum modo
nesse processo?
        Ramatis - A grande mistificação da sociedade materialista ou dos grupos
hipocritamente espirituais consiste em se combaterem mutuamente em nome do bem-estar dos
seres humanos, quando, na realidade, perseguem a meta egocêntrica de uma predominância de
bens e de poder no panorama da vida material. O verdadeiro místico, como o verdadeiro
cientista, encontra-se ocupado em pesquisar a realidade de forma descompromissada. Não
busca adeptos e não faz proselitismo. Age no Bem, em busca da sintonia de seu espírito com a


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Força Criadora da Vida. Onde, sob qualquer pretexto, se retire benefícios pessoais
imediatos das atividades espirituais, encontra-se o germe da cupidez, incompatível com o
desapego, índice indispensável do valor espiritual das atividades de crescimento para a vida
imortal.


        Pergunta - Poderíamos entender que só com o desapego total, com a renúncia à
vida normal do ser humano, poderia-se obter afinação com a Espiritualidade?
        Ramatis - O desapego e a renúncia existem como real conquista do Espírito Imortal,
não podendo ser verificados ao nível da relação do ser com o mundo das formas. O próprio fato
de alguém encarnar seja em berço privilegiado na Terra, ou na mais dolorosa carência, pode
representar renúncia se o espírito já alcançou sua liberação do apego à vida material.
        Não é o uso dos bens materiais que define a presença do apego, mas a forma pela qual
tal uso repercute na alma durante o seu testemunho. Os planejadores espirituais podem colocar
à disposição de um ser evoluído todos os bens materiais para que ele execute uma tarefa de
Amor. Porém, se alguém que se intitula capaz de liderar no Caminho da vida interior usufruir
dessa prerrogativa carismática para amealhar benefícios no mundo das formas, inscreve-se
entre os "vendilhões do templo", que foram energicamente invectivados pelo Mestre na tão
discutida cena de seu apostolado messiânico. Não é o usufruto dos bens da vida que define a
graduação do ser espiritual, mas a forma pela qual esse usufruto se dá.
        A comercialização dos bens da Vida Superior denuncia a ignorância da verdadeira
natureza de tais bens, cuja troca espontânea é de tal teor que transborda naturalmente,
incompatível com o cálculo destinado à preservação dos bens perecíveis. O teor de tais
experiências transfunde no espírito uma natural indiferença pelo que possa cercá-lo no nível da
matéria, sem nenhum desprezo teatral destinado a impressionar o semelhante.
        Percebendo as vias do espírito, o ser desinteressa-se naturalmente pela preservação do
corpo perecível e de suas vinculações com os prazeres menores do mundo das formas. Seus
planos e recursos passam a concentrar-se na dimensão da Vida Imortal, convergindo sua
alegria para as conquistas imperecíveis, ocultas aos olhos da maioria.
        Sem rejeitar melodramaticamente os gozos do mundo, restringe-se gradualmente à
frugalidade, que não o torne um ser excêntrico, porém que lhe permita exercitar o desapego à
proporção que se consolide nas vias profundas do espírito a atitude do peregrino valoroso e
solitário das estradas internas, capazes de conduzirem à libertação dos condicionamentos
provocados pelo mundo denso das formas.


       Pergunta         - De que formapoderíamos sintetizar recomendações singelas
             '
para os que pretendem iniciar-se nos diálogos com o Mestre nas profundezas do próprio
Ser?
         Ramatis - Ao contrário do que se possa supor, são extremamente singelas as
recomendações decisivas para o progresso do espírito, pois singela é a Vida em sua
grandiosidade. As complexidades denunciam carência de valores reais e profundos, fórmulas
cabalísticas destinadas a exorcizar a ignorância do espírito em relação ao: "conhece-te a ti
mesmo".
         O Mestre que percorreu o Caminho conhece-o como a palma de Sua mão, e pode
reduzir a poucas palavras o roteiro sagrado do despertar para a Vida Imortal. E ninguém foi
capaz de reduzir à expressão mais pura e simples a fórmula destinada a imprimir segurança ao
aprendiz iniciante do que Jesus nas belíssimas e não menos fecundas palavras do Grande
Poeta da Vida Maior, cujo poema singelo e grandioso foi escrito com sangue e lágrimas na


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Galiléia: "Amai-vos como Eu vos amei".


       Pergunta       - A nosso ver essa seria a meta a ser atingida, constituindo-se na
síntese de grandes reformulações interiores. Porém, como começar?
        Ramatis - Para o grande iniciado, como para o aspirante à libertação dos
condicionamentos da vida material, a fórmula é a mesma, preenchida com os valores
adquiridos pela experiência pessoal.
        Eis a razão pela qual a singeleza da recomendação revela a grandiosidade da Mente que
a formulou. A sabedoria que aprofunda ao máximo as transmutações do espírito pode extrair
da vivência conduzida a pleno êxito a essência da Vida, que adormece no âmago do Ser,
laboratório pleno de revivescências da união com a Origem. E uma simples, porém condensada
amostra do princípio Criador, como gota de Amor extraída de tal experiência renovadora consegue
exprimir em recomendação compreensível a todos a fórmula do elixir da vida espiritual
representado pelo Amor em todos os seus níveis. Quem pode definir o Amor? Porém, quem pode
negá-lo por não saber defini-lo?
        O Mestre assim lançou à posteridade o Grande desafio da vivência superior do
espírito, representada pelo Amor, deixando a cada qual a forma de expressá-lo segundo o
seu grau de evolução dentro da Criação. Assim, pode Ele constituir-se no Amigo precioso
tanto do sábio, do ignorante, do espírito de luz, quanto do que se encontra endividado nas
trevas do baixo mundo da matéria densa, mergulhado nas provações necessárias ao
despertamento de sua consciência de pertencer ao grande contexto da Vida Maior.
        E quando afirmou que veio para os doentes, não pretendia desqualificar sua
exemplificação considerando-a inadequada para os espíritos evoluídos. Referia-se a
impossibilidade de atingir com sua reverência à Vida Maior os espíritos endurecidos,
capazes de se julgarem sãos num contexto probacionário como é o do planeta Terra.
        O Amor, que no dizer de Pedro "cobre a multidão dos pecados"5' humanos,
representa a substância "mágica" cuja fórmula não pode ser fornecida, mas que surge
naturalmente como produto das grandes elaborações interiores, provocadas tanto pelos grandes
testemunhos que abalam os alicerces das civilizações, quanto pelos obscuros e silenciosos
momentos de dor ou de êxtase perante a grandiosidade da Vida, no espírito capaz de reverenciá-
la no grão de areia, tal como no brilho inefável das estrelas. Nessa linguagem de amplitude
indefinível configura-se a aprendizagem do Amor, nas escalas mais díspares em que os
espíritos possam permanecer. Em cada uma delas está o Mestre da compaixão a estender-lhe a
mão na grandiosa singeleza do Seu Amor!

       (5) Pedro, la Epístola, 4: 8.




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Capítulo II

                 VIAGEM DE CIRCUNAVEGAÇÃO

       Pergunta - Querido Amigo, após nos ser entregue de uma só vez o índice da
presente obra, parece-nos impossível coordenar perguntas sensatas sem começar pela
definição inicial do significado do título do presente capítulo. A que viagem vos referis?
       Ramatis - À longa, belíssima e indefinível caminhada do ser em busca de si
mesmo.
       Pergunta - E como explicar que seja qualificada como uma circunavegação?


        Ramatis - Embora as realidades do espírito sejam processadas em dimensões
irredutíveis ao pensamento concreto do plano intelectual, considerando que o
princípio da correspondência pervaga toda a Criação, torna-se possível tentar clarificar tais
processos à luz da razão pela utilização dos simbolismos e analogias que representam janelas ou
respiradouros capazes de permitirem a renovação da atmosfera mental do ser humano. Tal
procedimento representa uma atitude análoga à de alguém que, confinado em aposento
completamente fechado, conseguisse fazer uma abertura para a renovação do oxigênio no
ambiente. E, embora o metabolismo geral do organismo não dependa exclusivamente
dessa renovação produzida pela oxigenação maior da atmosfera reinante, um novo
impulso é recebido para a continuidade do processo vital.
        No âmbito do espírito imortal, tal renovação faz-se necessária objetivando a busca de
intimidade crescente com o próprio ser em níveis de sucessiva aprendizagem ou despertamento
para uma sensibilização referente aos processos da auto-realização. Por aproximações
sucessivas, o ser renova suas concepções no processo de redescobrir os mecanismos da Vida.
Ama, serve, fere-se nos espinhos da sua inabilidade, mas acrescenta sempre ao seu acervo
espiritual um pouco mais de clareza, quando mais não seja sobre sua inadequação existencial
dentro do Universo que o cerca. Desse modo movimenta-se em círculos concêntricos de
diâmetros sucessivamente mais estreitos como resultado de seus esforços de aproximação da
Meta. Para isso coloca-se na mesma postura dos grandes navegadores do passado que,
corajosamente decidiram percorrer distâncias imensas para testar a hipótese de alcançarem
novos mundos onde riquezas incomparáveis os aguardavam, como prêmio à intrepidez e à
coragem de persistirem na busca de concretizarem objetivos considerados utópicos.
        E a grande viagem em busca de si mesmo desenrola-se num processo de aproximações
graduais onde a Verdade de hoje torna-se insuficiente para a orientação adequada da
aprendizagem do amanhã. E as dúvidas, incertezas e mágoas funcionam como aguilhões a
forçarem o espírito à redescoberta dos meios para se sobrepor a cada novo desafio de seu
crescimento para a vida imortal.




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Pergunta - Tendo em vista que todas as grandes fontes de ensinamentos iniciáticos
dedicam-se a esclarecer os seres humanos quanto à sua destinação divina, qual a utilidade de
novas obras serem escritas desenvolvendo os mesmos temas já explorados em milhares de
obras e, mais especialmente, através de processos de filiação às escolas iniciáticas existentes
na Terra?
        Ramatis - O ser humano, por sua natural etapa de desenvolvimento na escala
evolutiva, promove-se hoje a uma condição sui generis. Não se inscreve mais entre os
espíritos mais embrutecidos do Universo, porém, não é capaz ainda de se orientar com
segurança para os caminhos do auto-esclarecimento. Por sua condição intermediária, é avesso à
submissão cega, mas tem dificuldade de disciplinar-se para encontrar suas próprias
potencialidades mais profundas. Torna-se, portanto, um ser "subnutrido" espiritualmente,
embora hiperativado em sua capacidade referente a dinamismos intelectuais aplicados à
obtenção do controle do campo exterior em que atua.
        Iniciações, disciplinas, renúncias, humildade, reflexão e meditação profundas foram
sempre requisitos indispensáveis à mobilização dos processos de despertamento do espírito.
        A voragem do "progresso" interditou as vias de acesso às Fontes da Vida, reduzindo
desastrosamente a capacidade de reflexão sobre si mesmo nos seres humanos. Torna-se um
luxo, nos dias de hoje, obter-se alguns momentos de abençoada solidão do ser consigo mesmo.
E quando isso acontece escasseiam as diretrizes superiores no panorama interno desabituado às
cogitações transcendentais.
        Desse modo, uma barreira de inércia fecha o campo da mente superior, pois seria
impossível improvisar um ardente empenho que jamais foi cultivado e que representa a arma
capaz de abrir os caminhos da Vida Interior.
        Nossos irmãos "executivos" fecham a porta de acesso ao seu mundo interior, alienando-
se nos embaraços da competição desenfreada em relação a tudo que possa opor-se como
obstáculo às suas decisões no mundo dos negócios. Atrofiando a percepção interior, embora
assinalem o mal-estar da insegurança, esta é atribuída à permanente oscilação produzida pelo
processo competitivo dos negócios em que se encontram envolvidos. Jamais lhes ocorreria, como
real necessidade de sua segurança pessoal, o aprofundamento de reflexões sobre a origem e
natureza do seu próprio ser, tendo em vista a gerência de seu destino como ser imortal.
        Nossas singelas considerações visam despertar o interesse por reflexões do ser sobre si
mesmo. Em doses homeopáticas de alta dinamização vibratória, as perguntas e respostas podem
vir a despertar ecos no ser humano enredado nos vórtices das atividades inesgotáveis da vida
moderna, produzindo reações a curto, médio e longo prazos, segundo o grau de sensibilização
de cada um.
        De alguma forma, as perguntas e respostas podem funcionar como os pequenos
glóbulos homeopáticos fáceis e cômodos de serem ingeridos a qualquer momento, sem
a necessidade de assepsia e dos processamentos dolorosos das autênticas "agulhas
hipodérmicas" das aplicações complexas de processos montados para o despertamento
espiritual dos seres humanos no passado.
        A medicação simples da conversa despretensiosa é hoje a forma que temos de
disseminar por toda parte os profondos ensinamentos da iniciação moderna - o Evangelho do
Cristo em sua pureza iniciática.


         Pergunta - Como compreender a associação do Evangelho aos aspectos iniciáticos,
quando à primeira vista parecem ambos tão dissociados entre si?
         Ramatis - A aparente distância existente entre o Evangelho de Jesus e os ensinos
iniciáticos demonstra a extensão do processo de cisão da mente humana com relação aos aspectos


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de sua natureza profunda.
         Todos os que se deram com empenho à tarefa de vivenciar os ensinamentos espirituais
percorreram as mesmas trilhas interiores e deram testemunho de sua União com o Eterno
através dos mesmos procedimentos ou mecanismos espirituais profundos. Tais ocorrências
sublimadas do viver humano assumiram aspectos de um existir transcendentalmente vinculado às
Forças Superiores e, por escassez de vocabulário, o produto de elaborações de alto teor
espiritual foi classificado com a palavra Amor, já utilizada para exprimir uma gama extensa
de sentimentos, geralmente permeados por aspectos instintivos da vida na matéria.
         A certo nível da evolução humana o espírito interage com energias sublimes, num
aprendizado sem palavras, de tal forma individualizado que dispensa totalmente a necessidade ou
a utilidade de comunicação, uma vez que se trata do diálogo do ser consigo mesmo, dentro do
panorama do Universo. Nenhum grande iniciado fez de suas palavras o instrumental mais
importante de seu trabalho em favor da Vida.
         Eis porque aqueles que não percorreram o Caminho por uma extensão suficiente para
construir a "ponte" entre o intelecto e a mente superior permanecem nos aspectos emocionais e
intelectuais dos ensinamentos espirituais ao nível das palavras. Por essa razão, prevendo a
distorção e ineficiência das palavras, os maiores instrutores da Humanidade, como Jesus e
outros, preferiram falar de "boca a ouvido", imprimindo na mente sensível de alguns seguidores a
mensagem viva de um despertamento consciencial que objetivava a continuidade da "chama"
acesa de uma energia imponderável, cujo nome não importa para que ela exista.
         Aqueles que cruzaram a "ponte" entre o intelecto e a mente superior são os que "têm olhos
de ver", nas palavras de Jesus ou os "redivivos" na linguagem iniciática do passado. Por
processos de crescimento interno aproximaram-se das Fontes da Vida, cuja linguagem
eloqüente dispensa adjetivações humanas. Para eles, que percebem por trás da "letra que mata"
a presença do "espírito que vivifica", é fácil apreender a unidade da Vida nos ensinamentos
espirituais legítimos de todas as origens. Reverentes, em sua tela mental percebem o Mestre que
se desloca majestoso em sua solidão melancólica, sob a qual os "filhos do Homem", ou seja, os
espíritos que não dependem mais do atavismo animal da Terra mãe, podem perceber a
mensagem iniciática de uma vivência de amplitude cósmica.
         Foi tão grande a redução das realidades esplendorosas do espírito para que elas
coubessem nas ocorrências dos relatos do Evangelho dos Apóstolos, que uma nuvem espessa de
fatos, idéias e palavras encobriu a Realidade grandiosa do padrão energético no qual tudo
ocorria. Por ser o olho humano um redutor poderoso das potencialidades do espírito, o drama do
Calvário, assim como a cena do mais grandioso teor de alegria pura do Espírito, foi
necessariamente reduzida a uma freqüência material limitada ao "assim foi dito e assim foi
feito".
         Cabe a cada aprendiz do Amor Crístico retirar dos próprios olhos as "escamas" da
cegueira materialista para conseguir deslocar-se com êxito pelo labirinto dos conceitos a que
foram reduzidos os eventos esplendorosos da convivência da Humanidade com o
Maior dos Iniciados que a Terra já viu e que se dignou baixar até ela seu padrão vibratório de
Luz, sabendo que só os milênios produziriam nos seus "ouvintes" o impacto da reação saudável
de auto-iluminação. Entregou Sua Mensagem e retornou às Esferas que O acolhem para
esperar o crescimento das sementes que havia lançado.


       Pergunta       - Como compreender a dificuldade evidente em certos setores
espiritualistas para aceitarem a mensagem do Evangelho como uma iniciação em nível de
massa?
        Ramatis - As escolas iniciáticas primaram sempre por preparar a ambiência do
grande evento espiritual de despertamento consciencial daqueles que se aproximaram, por


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longas etapas anteriormente vividas, de urna condição mais amadurecida perante a Lei dos
Planos Superiores.
        Os Instrutores, Mestres e Grandes Iniciados sabiam por experiência vivida o valor do
impacto a que o aprendiz era submetido através dos rituais nos ambientes previamente
preparados para isso. A concentração energética dos locais destinados a permitir que fossem
removidos os "Véus de Isis" para que a Verdade fosse desnudada, rompendo a cegueira
decorrente da condição limitadora do espírito encarnado; o simbolismo de cada etapa visando
gravar de forma indelével no espírito iniciante os profundos significados da estrada a percorrer
pelos labirintos do seu mundo interior; a alegria e segurança de saber que tanto ele quanto muitos
outros seriam, através dos séculos, conduzidos por mão firme, amiga e segura, através dos
meandros bem protegidos de uma longa transmutação interior, tudo isso proporcionava ao
iniciado e ainda continua a fazê-lo, uma certeza de que a Verdadeira Vida permeia o Universo,
bastando que chegue o momento exato para cada ser vivente receber a oportunidade sagrada de
se desvencilhar da cegueira constrangedora que o impede de perceber em sua total
dimensão de herdeiro da Vida Maior!
        Compreendendo o valor das preparações laboriosas para o Grande Encontro consigo
mesmo e considerando mesmo serem elas o fator máximo para a segurança de tão delicada
conquista, o ser humano familiarizado com os necessários rigores dessas escolas iniciáticas
descrê da possibilidade de a massa humana ser conduzida pelo caminho áspero do
autoconhecimento sem o apoio das mesmas disciplinas, sigilos e procedimentos simbólicos
consagrados por todas as escolas de iniciação existentes através dos tempos.


       Pergunta - Poderia essa atitude ser encarada como uma rigidez mental adquirida
por uma formação de rigor excessivo?
         Ramatis - Assim como o homem comum dotado de juízo sensato evita emitir opinião
favorável às inovações que desconhece, por considerá-las perigosas, o iniciado que recebeu uma
formação não será obrigatoriamente um iluminado capaz de emitir conceitos infalíveis sobre o
progresso do espírito humano. Poderá sempre ser capaz de opinar sobre as experiências pelas
quais atravessou algumas portas do crescimento espiritual, o que de nenhum modo o habilita a
ser onisciente em termos espirituais.
         Aos Magos da Luz foi possível conhecer o Mestre antes mesmo que desse ao mundo
Seu testemunho redentor. Haviam atingido graus de esclarecimento espiritual, passado as
portas da iluminação que se situam muito além de um simples ingresso a procedimentos
iniciáticos.
         Da mesma forma que ao estudante recém-formado em economia não é possível opinar
sensatamente sobre a situação mundial e nem mesmo em relação à posição de seu município sem
correr o risco de envergonhar-se mais tarde de sua precipitação, quanto mais esclarecido o
espírito do iniciado menos se dedicará a emitir conceitos sobre a atuação dos Grandes Mestres.
         É necessário ainda considerar que iniciações existem para fins diversos. Elas
representam um processo cujo fim a atingir varia segundo as intenções de quem a executa e
cujo êxito é proporcional à capacidade de quem a ela se submete.
         Assim como para o cidadão analfabeto e crédulo existe uma compulsão natural para
aceitar como palavra sábia a opinião de um estudante recém-formado, para o leigo em assuntos
espirituais o julgamento de alguém que se afirme iniciado pode assumir foros de expressão da
verdade incontestável, pois não possui elementos para uma análise em profundidade.
         Se rigidez existir, ela não poderá ser atribuída ao processo da iniciação, mas à forma pela
qual os seres humanos se conduzem dentro dela.




                                                                                                 28
Pergunta        - Gostaríamos de obter esclarecimentos sobre os fatores que podem
conduzir-nos a concluir que o Evangelho de Jesus representa uma iniciação para o espírito
humano.
         Ramatis – "O amor do Cristo nos constrange", dizia Paulo numa de suas epístolas. E
testemunhou sua radical modificação após o encontro com o Mestre, em circunstâncias nas
quais não se poderia reconhecer nenhuma preparação iniciática tradicional.
         Os doze homens perplexos que se reuniam no Cenáculo para orar e fugir da
perseguição do farisaísmo e de lá saíram transformados pelas "línguas de fogo" que os visitaram,
certamente não eram os mesmos que lá haviam se refugiado como ovelhas acuadas. As
multidões que caminharam em transe sublimado de Amor para os circos romanos e mesmo os
que se deixaram consumir nas masmorras da Inquisição por fidelidade aos ensinamentos
esotéricos mais puros, todos eles retemperaram-se ao calor das dolorosas provações, não para
defenderem os "tesouros que a traça não corrói". E, embora não fossem capazes de expressar um
único conceito iniciático tradicional, passaram pelo processo de transmutação espiritual
profunda que lhes proporcionaram os "olhos de ver e ouvidos de ouvir" a que o Rabi da
Galiléia se referia, como instrumento e condição indispensável para reconhecer o Caminho.
         Fossem provenientes do ensino espiritual das castas sacerdotais conhecedoras dos
"mistérios" iniciáticos, como Paulo e José de Arimatéia, fossem ignorantes pescadores como
Pedro ou ainda nobres romanos cuja alma se habituara aos augúrios das pitonisas e às
oferendas para propiciar os deuses, ou ainda o cidadão das metrópoles petrificadas do mundo
atual, o fator capaz de definir a condição de iniciado esteve sempre exclusivamente
representado pela tão falada "transmutação" do espírito que, no simbolismo hermético da
alquimia, se define como a obtenção do "metal nobre", o ouro simbólico da Luz solar,
representação material da irradiação do Cristo Planetário e das "chispas" dessa luz
incandescente ao serem acordadas no mais profundo recesso da alma humana.
         Desde então o "ser" prevalece sobre o "existir", o "filho" encontrou o "Pai", a
personalidade "sentiu" a individualidade imortal e seu destino "apreendido" no diálogo sem
palavras do ser consigo mesmo. Que circunstâncias rodearam esse fato? Não importa. O
objetivo foi alcançado, pois um rumo novo se delineia no processo vivencial e a alma humana
assim tocada jamais poderá ser a mesma, inconsciente de sua destinação divina.
         No passado, os cuidados com os quais os Grandes Iniciados procuraram cercar as
iniciações visavam preservar o aprendiz contra sua própria cegueira, para que os bens da Vida
Superior não fossem transformados em instrumentos de destruição e descrédito.
         Porém, mesmo assim, o conhecimento sagrado foi utilizado por espíritos endurecidos,
espalhando sobre a Terra a morte e a destruição em nome das Forças da Vida. Hoje a magia, que
deveria ser meio de elevação dos seres humanos, degrada-os à condição de feras que se
entredevoram.
         Nesse panorama de trevas, destaca-se a Grande Luz que se derramou sobre toda a carne,
conclamando ao Amor. Foi Aquele que se imolou por Amor e retirou dos centros iniciáticos o
privilégio sacerdotal, pois a classe que deveria disseminar a Luz mostrara-se tributária da
treva, a ponto de imolar o Cordeiro.
         Lançado o grande desafio, isso só foi possível tendo em vista que Ele, o Cordeiro do
sacrifício, possuía em Si os requisitos que, não só Lhe permitiam oferecer todos os graus da
iniciação, como trazia acesa a chama capaz de transfundir todos os "vis metais" do ódio e da
corrupção em Amor, o ouro puro da paz espiritual, desde que o aprendiz se dispusesse a
seguir a estrada sacrificial que reduz e transmuta os resíduos da humana condição através da
poderosa imantação do Mestre incomparável.
         Desde então os cuidados necessários à verdadeira iniciação se reduzem a fórmula: "Amai-
vos como Eu vos amei". E o Amor, como bússola sagrada, corrigirá a rota de todo aquele que
se determinar segui-Lo sem hesitações, pagando os altíssimos tributos de renovação íntima que


                                                                                             29
tais procedimentos fraternos exigem dos espíritos nos níveis menores da evolução.
        Transportando das mãos sacerdotais para o coração de cada ser humano a possibilidade
de ungir o espírito, habilitando-o à auto-renovação como transmutação sagrada, o Mestre deu à
toda a Humanidade livre acesso à Luz que já estava "sob o alqueire", com risco de
desaparecer da face da Terra.
        Desse modo, desde então, a palavra do Senhor é AMOR. Com ela abrem-se as portas
ao livre acesso de todo ser que, corajosamente, aceita o desafio milenar do "Conhece-te a ti
mesmo", na fórmula renovadora do Rabi da Galiléia.


       Pergunta - Poderíamos compreender que os cuidados representados por sigilos e
rituais com seus respectivos simbolismos seriam inteiramente desnecessários ou dispensáveis
para que o processo de despertamento espiritual pudesse ocorrer?
         Ramatis - O Plano Espiritual Superior planejou e montou recursos materiais e
espirituais com a finalidade de proporcionar ao ser humano encarnado a abertura de "portas"
de iniciação e crescimento compatíveis com o nível de evolução no qual todos se desenvolveriam
num período previsto. Desse modo os três primeiros planos nos quais o espírito atua - o físico, o
astral e o mental -deveriam ser mobilizados por procedimentos "pedagógicos" visando o espírito
imortal. Ao nível físico, preparavam-se ambientes capazes de impressionar a percepção sensorial
do aprendiz, como um apelo de primeiro grau, onde sua sensibilidade começava a ser trabalhada,
induzindo-o ao descondicionamento em relação à supervalorização dos bens materiais. Na
antecâmara da iniciação o candidato deveria começar o processo de retorno à "casa paterna"',
voluntária e conscientemente. Era o momento no qual a "bússola" da sensibilidade mais profunda
deveria apontar com segurança para o "norte" da Paz. Em tais circunstâncias deveriam ser
percebidos os primeiros impulsos de uma elevação segura do espírito, como a ave que pela
primeira vez percebe a finalidade de suas próprias asas.
         As austeridades impostas pelas disciplinas preciosas, físicas, emocionais e mentais,
preparavam o ser para o deslumbramento de tal "Boa Nova" - a descoberta de sua
condição de herdeiro da Vida Superior do Espírito. Nesse momento urna segunda porta lhe era
franqueada por uma autêntica "recalibragem" do campo emocional purificado no amor à vida
em dimensões renovadoras, tornando-o imantado aos aspectos positivos do nível astral, onde
as emoções puras cooperam para tinia "filtragem" do conhecimento-luz.
         Na inteligência purificada abria-se então a terceira porta sagrada através da qual o
fluxo da inspiração purificadora penetrava em longas e renovadas etapas de sintonização
com a intuição pura, reveladora de um existir pleno de harmonia, antes insuspeitável.
         E, através desses degraus sucessivos, uma conscientização clara e grandiosa fornecia ao
discípulo comprovações grandiosas de sua real natureza divina, onde a iluminação representava a
meta a ser alcançada na contextura profunda do ser.
         Esse longo processo de renovação interior trazia a Boa Nova de um existir
esplendoroso ao espírito sedento de Paz e de Amor! Porém, tal fato significava que se tornava
necessário reproduzir, em ambientes especiais, condições de laboratório para a sensibilidade
humana a partir da experiência milenar de outros seres que o antecederam no Caminho e que,
conhecendo os detalhes do mecanismo evolutivo por experiência própria, conseguiam apoiar
o despertamento de seus irmãos, desde que esses estivessem dispostos a submeterem-se a um
treinamento que abarcava suas expressões físicas e emocionais sob o comando de um
procedimento racionalmente planejado para quebrar as resistências dos níveis instintivos da
vida. A vontade esclarecida era despertada pelo conhecimento do valor das renúncias de
crescimento interior, caindo por terra o predomínio dos aspectos instintivos e emocionais, já
então se direcionando tais energias para uma obediência ao plano de despertamento da
consciência em níveis superiores da Vida.


                                                                                              30
Tais processos pedagógicos tornaram-se a fonte de enriquecimento espiritual de uma
parte da Humanidade.
        A rigor poderíamos considerar que a própria vida, em seu esplendor de beleza e
harmonia, representa o panorama onde o processo pedagógico de despertamento do espírito
para sua autoconsciência plena é executado a partir do "mergulho" da Centelha Divina nos
envoltórios do Universo manifestado. Entretanto, a existência de uma realidade grandiosa
preparada com esmero para acolher as etapas do crescimento para a aquisição de uma
consciência desperta, não elimina a necessidade de instrutores e de procedimentos de orientação,
pois o espírito ainda não se posiciona de forma esclarecida em relação ao esplendor do Universo
que o acolhe.
        A Beleza, a Harmonia e a Luz que sensibilizam em vibrações sutilizadas a contextura
aprimorada do espírito que se verticalizou perante sua condição de cidadania universal,
apresentam-se dessa forma em escalas avançadas da evolução. No início o ser não possui os
"olhos de ver e ouvidos de ouvir" a que Jesus se referia e, portanto, encontra-se na condição de
cego que pode até conduzir outros cegos, porém ambos encontram-se arriscados a cair no fosso
ou no abismo.
        No "amai-vos como Eu vos amei" encontra-se a resposta ao oráculo milenar em seu
desafio ao ser humano para que se conhecesse a si mesmo.


       Pergunta - Como compreender essa` ultima afirmação?
       Ramatis - Os seres que atingem a vanguarda no processo           evolutivo encontram-se
nessa condição por terem praticado sobre si mesmos as benéficas austeridades que lhes
permitiram substituir a inércia pelo dinamismo do crescimento de todos os matizes. Tal processo
inicia-se no esforço rudimentar de prover a própria subsistência nos níveis inferiores da vida.
Ao ser alcançado um "quantum" de Amor, esse logo é expresso em movimentos de
transmissão do bem alcançado, pois é da natureza do Amor prover sua própria expansão. Desse
modo a Lei preserva o valor máximo que lhe cabe zelar.
        Em toda a Criação, sempre que algum ser absorve Amor tende a expandi-lo, por
conseqüência natural delimitadora de campos de recepção-transmissão da Luz que não
pode permanecer sob o velador. A partir de tais processos, verdadeiras mini-iniciações
ocorrem em escalas infinitas no Universo manifestado, desde o nível micro até ao nível
macro.
        Compreendendo que o processo de iniciação representa o esforço de penetrar no
conhecimento de suas potencialidades como participante da vida universal, sempre que a
experiência vivencial aproxima o ser do conhecimento da energia do Amor que mantém acesa
sua Centelha Divina, um fluxo "para fora" o impulsiona a crescer, induzindo-o a agradecer
simultaneamente à Vida por meio da imediata cooperação com suas leis de harmonia. Nesse
momento vivencial o espírito torna-se veículo consciente do Amor que lhe flui do recesso do
ser. Passa então a conhecer-se "em espírito e verdade", pois só o Amor é Realidade
insofismável que mantém a Vida em todas as suas expressões.
        O ódio repudia o Amor, mas este é capaz de receber e transmutar seu opositor,
transfigurando-o para a Vida Imortal!
        Ao oferecer-se em holocausto sublime, o Mestre maximizou a lição central de
todas as iniciações, apontou a porta da Vida onde o Amor é energia inesgotável,
encorajando-nos a prosseguir na busca do "tesouro que a traça não consome e a ferrugem não
destrói". E aquele que toma conhecimento de uma pequena parcela que seja dessa riqueza
interior dedica-se automaticamente a propiciar tal processo a sua volta, como forma única
de manter inextinguível a bem-aventurança de permanecer em contato constante com
suas fontes de suprimentos.


                                                                                             31
Por essa razão o Apóstolo dizia que "o Amor do Cristo nos constrange". Quem o
experimenta abre comportas antes insuspeitáveis, permitindo desde então o fluxo perene de
uma alegria desconhecida pela maior parte da Humanidade de hoje.
        Ao procurar amar como Ele nos amou, procuramos tomáLo por modelo, se já
conseguimos sentir a beleza indescritível de tal Amor. Ao assim proceder, rompemos os selos do
egocentrismo e as comportas da Vida Maior derramam-se sobre nossas vidas dando-nos a
conhecer o Homem Novo que em nós adormecia. Nesse momento esplendoroso, inicia-se o
processo do autoconhecimento, onde a Realidade do Ser se desvela gradualmente nas intensas
lutas entre a Luz e a sombra que em nós habitam nas escalas menores da evolução.
        E a batalha épica da qual se ocupa o Baghavad-Gita se reproduz fielmente,
pedagogicamente orientada por aqueles que caminham a nossa frente. No fragor de tal luta
alegram-se Mestres e discípulos, pois esses são os filhos pródigos que retornam conscientes e
voluntariamente, à Casa Paterna!




                                                                                           32
Capítulo III

                             COLOMBO E JUNG

         Pergunta - Que relação poderia ser estabelecida entre a figura histórica de
Cristóvão Colombo e o mestre suíço da Psicologia Analítica?
         Ramatis - "O Senhor é nosso Pastor e nada nos faltará", diz o salmo bíblico. E em
seguida o Salmista passa a descrever de que forma o Pastor atua para que as ovelhas sejam
conduzidas durante o período de sua menoridade espiritual ao aprisco, através do Caminho
repleto de perigos e de formas de refazimento e reconforto. E as ovelhas, representadas por
toda a Humanidade, preocupam-se menos com sua meta do que com suas necessidades primárias
de sobrevivência e prazer, num estado mal definido, semisonambúlico perante o panorama da
Realidade que as cerca. Sendo assim, existe a premência da presença do Pastor e torna-se
aconselhável que, na medida do possível, elas O reconheçam e O amem para que se torne menor
o risco de se desviarem do Caminho.
         A relação possível entre Colombo e Jung consiste no fato de serem ambos "ovelhas" que
abriram novas trilhas ou atalhos, sendo seguidos por muitos de seus irmãos de jornada.


        Pergunta - Considerando que ambos atuaram em áreas desvinculadas entre si e
sem o objetivo específico de orientar espiritualmente os seres humanos, qual a importância
que teriam para o desenvolvimento do presente trabalho?
        Ramatis - As leis herméticas com as quais os iniciados de todos os graus se
familiarizam desde o início de sua formação, aprofundando-lhes o sentido à proporção que o
tempo passa, afirmam, como um axioma de conteúdo claro e insofismável, que: "assim como
é em cima, também é em baixo", ou ainda: "a Lei que rege o macrocosmo rege também o
microcosmo". Acrescentam, como decorrência, que tudo é gradação vibratória na Criação e
que os extremos simplesmente representam uma polaridade complementar, dentro do
organismo vivo do Universo.
        Não há, pois, de que se admirar por estarem intimamente relacionados dois pioneiros
de caminhos humanos pelo fato de que as trilhas por eles apontadas e seguidas pertencessem
a setores vibratórios de dimensões diferentes, pois o espírito imortal precisa aprender a
executar ações de desbravamento em todos os planos energéticos em que se encontra
envolvido, sendo esse esforço permanente que lhe permite deslocar-se através das diferentes
dimensões em que seus veículos de expressão se manifestam.


       Pergunta   - Tendo em vista o fato de que fazemos parte das ovelhas que não
reconhecem ainda a grandiosidade do Plano que orienta o processo da evolução, embora
compreendamos a beleza do funcionamento orgânico do Universo, escapam-nos detalhes
ou as implicações valiosas das relações entre o "grande" e o "pequeno". Poderíeis


                                                                                           33
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  • 1. RAMATIS VIAGEM EM TORNO DO "EU" Obra psicografada por América Paoliello Marques 1
  • 2. OBRAS DE RAMATIS . 1. A vida no planeta marte Hercílio Mães 1955 Ramatis Freitas Bastos 2. Mensagens do astral Hercílio Mães 1956 Ramatis Conhecimento 3. A vida alem da sepultura Hercílio Mães 1957 Ramatis Conhecimento 4. A sobrevivência do Espírito Hercílio Mães 1958 Ramatis Conhecimento 5. Fisiologia da alma Hercílio Mães 1959 Ramatis Conhecimento 6. Mediunismo Hercílio Mães 1960 Ramatis Conhecimento 7. Mediunidade de cura Hercílio Mães 1963 Ramatis Conhecimento 8. O sublime peregrino Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 9. Elucidações do além Hercílio Mães 1964 Ramatis Conhecimento 10. A missão do espiritismo Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento 11. Magia da redenção Hercílio Mães 1967 Ramatis Conhecimento 12. A vida humana e o espírito imortalHercílio Mães 1970 Ramatis Conhecimento 13. O evangelho a luz do cosmo Hercílio Mães 1974 Ramatis Conhecimento 14. Sob a luz do espiritismo Hercílio Mães 1999 Ramatis Conhecimento 15. Mensagens do grande coração America Paoliello Marques ? Ramatis Conhecimento 16. Evangelho , psicologia , ioga America Paoliello Marques ? Ramatis etc Freitas Bastos 17. Jesus e a Jerusalém renovada America Paoliello Marques ? Ramatis Freitas Bastos 18. Brasil , terra de promissão America Paoliello Marques ? Ramatis Freitas Bastos 19. Viagem em torno do Eu America Paoliello Marques ? Ramatis Holus Publicações 20. Momentos de reflexão vol 1 Maria Margarida Liguori 1990 Ramatis Freitas Bastos 21. Momentos de reflexão vol 2 Maria Margarida Liguori 1993 Ramatis Freitas Bastos 22. Momentos de reflexão vol 3 Maria Margarida Liguori 1995 Ramatis Freitas Bastos 23. O homem e a planeta terra Maria Margarida Liguori 1999 Ramatis Conhecimento 24. O despertar da consciência Maria Margarida Liguori 2000 Ramatis Conhecimento 25. Jornada de Luz Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Freitas Bastos 26. Em busca da Luz Interior Maria Margarida Liguori 2001 Ramatis Conhecimento 27. Gotas de Luz Beatriz Bergamo 1996 Ramatis Série Elucidações 28. As flores do oriente Marcio Godinho 2000 Ramatis Conhecimento 29. O Astro Intruso Hur Than De Shidha 2009 Ramatis Internet 30. Chama Crística Norberto Peixoto 2000 Ramatis Conhecimento 31. Samadhi Norberto Peixoto 2002 Ramatis Conhecimento 32. Evolução no Planeta Azul Norberto Peixoto 2003 Ramatis Conhecimento 33. Jardim Orixás Norberto Peixoto 2004 Ramatis Conhecimento 34. Vozes de Aruanda Norberto Peixoto 2005 Ramatis Conhecimento 35. A missão da umbanda Norberto Peixoto 2006 Ramatis Conhecimento 36. Umbanda Pé no chão Norberto Peixoto 2009 Ramatis Conhecimento 2
  • 3. INDICE Agradecimentos 4 O autor espiritual 5 As fontes de inspiração de américa 6 Viagem em torno do "eu" 7 Introdução 8 Prefácio 11 Algumas palavras 15 I. Diálogo com o Mestre 17 II. Viagem de Circunavegação 25 III. Colombo e Jung 33 IV. A Antigüidade e a Atlântida 46 V. As Explorações do Novo Continente 55 VI. Sincronicidade a-causal 64 VII. De onde vem o caráter 71 VIII. Europa - Velho Mundo - Homem Velho 76 IX. América –Admirável Mundo Novo Novo Mundo do Espírito 83 X. Indias Ocidentais e o Engano Materialista 90 XI. Desbravamento - Técnicas da Parapsicologia – USA 96 XII. Técnicas do Espiritismo – Brasil 105 XIII. Epilogo 112 XIV. O homem novo 113 A Médium 114 3
  • 4. AGRADECIMENTOS Ao receber a notícia/convite para editar "Viagem em Torno do Eu", obra inédita de autoria de Ramatis e psicografia da Dra. América Paoliello Marques, não pude conter a onda de alegria que me invadiu o coração, por conhecer e admirar profundamente o trabalho dessa dupla, há muitos anos. Registro aqui minha gratidão à "Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz", do Rio de Janeiro, na pessoa de seu presidente Antonio Carlos Alves Telles da Silva, por ceder o direito de editar esta obra. Agradeço também a uma amiga especial (AM), que prefere permanecer no anonimato, por sua ajuda e incentivo. Como sempre, Espíritos desprendidos e fraternos estão sempre a abrir, aos buscadores espiritualistas, novos "portais da felicidade", sem medir esforços, promovendo e divulgando maravilhosas possibilidades para que o ser humano possa desvencilhar-se das malhas do sofrimento e da dor, conseqüência direta da ignorância espiritual. Assim sendo, só nos resta dizer: muito obrigado a todos! Que Jesus os ampare sempre e ilumine a senda evolutiva que trilhamos, obrigatoriamente, apoiados uns nos outros. JS Godinho. 4
  • 5. O AUTOR ESPIRITUAL Ramatis, que teve sua última encarnação na terra no século X na Indochina e foi instrutor de alta hierarquia na Atlântida, Egito, Grécia e Índia, foi no tempo de Jesus conhecido filósofo egípcio e chegou a manter contato com o Meigo Nazareno e alguns de seus discípulos. Foi instrutor e sacerdote em um dos inúmeros santuários iniciáticos da Índia. Foi adepto da tradição de Rama, cultuando os ensinamentos do "Reino de Osíris", o senhor da Luz. Na Atlântida foi contemporâneo, em uma existência, do Espírito que mais tarde seria conhecido como Allan Kardec. É ligado a corrente do "Triângulo e da Cruz" que surgiu da união das tradições iniciáticas do Oriente e dos ensinamentos do Mestre Nazareno, mais difundido no Ocidente. Tem grande responsabilidade na criação de uma mentalidade universalista. Estimula o respeito às diversas correntes de pensamento assim como à adoção de ensinamentos apropriados para época atual. Destaca, por exemplo, a importância da Doutrina Espírita que, como Cristianismo Redivivo, dispõe de elementos essenciais para a "iniciação do homem moderno à luz do dia". Ramatis mostra que o sentido real da vida espiritual é o princípio coeso e eterno do amor crístico e sempre nos recomenda a que evitemos a ilusão separativista da forma. 5
  • 6. AS FONTES DE INSPIRAÇÃO DE AMÉRICA Na obra messagens do Grande coração América explica que dois de seus guias espirituais, Ramatis e Akenaton formaram no Espáço uma a confraternização que deu origem a Fraternidade do Triângulo, da Rosa e da Cruz (FTRC). Essa Fraternidade tem a sede espiritual na Colônia do Grande Coração ,sendo, após os anos 60, a principal fonte de inspiração de toda a obra canalizada por, América, que foi assistida também por benfeitores da Falange de Dharma, como Luís Augusto, Rama-Schain e Nicanor, além e outros Amigos Espirituais. No plano físico a FTRC surgiu em 1962, no Rio de Janeiro, como uma escola de iniciação espiritual: um grupo espírita com características iniciáticas, empenhado em proporcionar a abertura dos canais interiores do Ser com a sua Essência Divina. Busca-se uma síntese entre os ensinamentos de todas as eras, do Oriente e do Ocidente, conjugando princípios de quatro fontes preciosas: a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, o Evangelho do Mestre Jesus, o Mentalismo Oriental e a Psicologia. A proposta é contribuir para o caldeamento dessas grandes fontes de conhecimento, e abrir caminhos a todos que, sentindo a inquietação da busca de uma Verdade Maior, desejarem submeter-se as disciplina internas indispensáveis ao surgimento do Homem Novo. O processo de iniciação espiritual visa tomar o ser consciente da força divina que existe em si mesmo e no universo, auxiliando-o a assumir, de cada vez mais responsável, a condução seu processo evolutivo do intercâmbio com as forças espirituais, nos diferentes níveis de manifestação da energia cósmica. O alicerce desse processo é o autoconhecimento e a auto- renovação para que o ser testemunhe, onde estiver, o mandamento maior do Cristo: "o amor à Deus sobre todas as coisas" e "o amor ao próximo como a si mesmo". 6
  • 7. VIAGEM EM TORNO DO "EU" Obra psicografada por América Paoliello Marques Nesta nova obra "Viagem em Torno do Eu", o iluminado mestre Ramatis se apresenta como um "Guia de Viagem". Mas não é uma viagem qualquer: é a longa, belíssima e indefinível caminhada do ser em busca de si mesmo. Ramatis nos recorda que somos destinados à Luz e que Ela nos atrai inevitavelmente porque é nossa destinação, algo marcado em nossa formação genética. Através de ricas analogias, ele faz um belo paralelo entre o mundo exterior e o mundo interior. Ressalta a coragem, traço comum entre o navegador Cristóvão Colombo e o psicanalista Carl G. Yung, para abordar mundos desconhecidos, um físico e o outro psíquico. Compara Atlântida, o grande "continente submerso" e seus segredos, com o abafamento da memória do espírito imortal, ressaltando que rastros de civilizações p e r d i ( n o t e m p o o u a r q u i v o s conscienciais desvelam-se aos espíritos p r e d i s p o s t o s à l u t a venturosa. Esclarece que, em face da índole sentimental peculiar ao povo brasileiro, um país e uma doutrina se ajustaram de forma singular, Brasil e Espiritismo, recebendo a grandiosa missão espiritual de fazer ressurgir no Terceiro Milênio, em toda a pureza e simplicidade sublime, a mensagem do Meigo Nazareno: "Amai-vos, como Eu vos amei". 7
  • 8. INTRODUÇÃO Nosso belíssimo acervo de conhecimentos espirituais na Terra muitas vezes é encarado como antagônico ou incompatível com os conhecimentos que a Ciência vem articulando para explicar ou interpretar ou ainda mesmo descrever os fenômenos da vida. Temos a sensação de que circulamos em tomo do problema existencial, cada observador em sua órbita e por efeito das deformações decorrentes das posições diferentes, por um problema de ótica, não se consegue uma percepção comum da realidade que vivemos. Porém, à proporção que nos aproximarmos do Centro Real do nosso existir, as divergências serão naturalmente diluídas pela inexistência de percepções conflitantes. Considerando que essa etapa mais evoluída de nosso crescimento como seres conscientes ainda está distante, podemos, no entanto, exercitar a capacidade de reconhecer os pontos comuns que se vão esboçando nas diversas formas do conhecimento, não com a intenção de copiar, deturpar ou corrigir, mas como uma disciplina a mais, aquela que reconhece o real valor da colaboração interdisciplinar, visando à reformulação constante, capaz de dinamizar e garantir o progresso de nossa ânsia de saber e viver com sabedoria. O salutar exercício de nos colocarmos no ponto de vista de nossos irmãos para conseguirmos assimilar-lhes os conhecimentos e submetermos a análises profundas os nossos próprios pontos de vista, torna autêntica a vivência do "amar ao próximo como a si mesmo", muito mais enriquecedora do que a tradicional posição de auto-suficiência que nos envolve em falsa superioridade para convencer nosso irmão a seguir o caminho que nos é mais agradável ou que parece mais verdadeiro. Se estivermos empenhados em "salvar" nossos irmãos, é possível que não nos possamos "salvar" da estreiteza de nossos conceitos "ideais" e fracassemos pelo fechamento existencial em que nos confinamos. Prevendo essa tradicional posição humana, os grandes Mestres não escreveram e o Sábio Codificador do Espiritismo condicionou a sobrevivência do Sistema dos Espíritos1 à necessidade de uma permanente subordinação à análise científica de seus dados. Quando Ramatis nos convida, no presente trabalho, a viajar em torno do "Eu", pretende que aprendamos as rotas interiores que nos conduzirão a nos aproximar gradualmente do "Centro" onde a Realidade de nossa condição vai sendo mais clara. Familiarizados com nossos enganos, passo a passo, será mais fácil aceitarmos a necessidade de uma abertura maior para os bens veiculados pelo pensamento e pela experiência de nossos irmãos. Esta obra desenvolve basicamente o tema no qual nossos Guias Espirituais têm posto toda a ênfase através dos preciosos anos de aprendizado que a atual existência representa para nós. Cultivar o princípio da síntese espiritual sonhada pela Humanidade, oferecendo a contribuição específica de tentar reunir os ensinamentos do Evangelho como síntese da Lei Cósmica do Amor, da 8
  • 9. Psicologia como expressão do esforço de esmiuçar cientificamente o existir humano e do Mentalismo Oriental, produto milenar das disciplinas do ser sobre si mesmo, para a eclosão de potencialidades preciosas da consciência cósmica que adormece em nós. Num esforço de confraternização legítima, aqueles que se deslocaram em direção às paragens espirituais onde as vibrações de Paz e Amor representam uma constante, esforçam-se através dos tempos em transfundir nossos espíritos num avançado amálgama representado pela sintonia, mesmo que momentânea, com o panorama cósmico onde não existem fronteiras, divisionismos ou hiatos entre as partes harmônicas componentes da sinfonia da Criação. A estreiteza das "escolas", "correntes" e particularismos em geral representam o sintoma mais evidente da posição involutiva em que vivemos. Inseguros espiritualmente, quando conseguimos alívio, amparo ou apoio em determinada expressão da vida, aderimos a ela como o náufrago incapaz de sobreviver sem o frágil ponto de apoio de suas estreitas percepções no oceano insondável da Vida. A instabilidade emocional das fases menores da evolução contamina a capacidade incipiente de percepção existencial e aferramo-nos aos sistemas produzidos pelo nobre esforço de orientação do espírito humano em todas as épocas. Infelizmente quando a abençoada experiência dos seres mais avançados na escala evolutiva nos concita a deixarmos para trás o comportamento exclusivista do passado, reagimos, ainda assim, pouco esclarecidamente. Ou rejeitamos o convite por considerarmos que a atitude não sectária representa uma posição destruidora dos nossos mais caros ideais de realização na área específica a que nos vinculamos ou ainda aderimos tão apaixonadamente ao convite do pensamento não dogmático que, por um paradoxo muito humano, nos tomamos partidários ferrenhos de uma corrente de pensamento dedicada à plena abertura fraterna e desse modo comprometemos fundamentalmente suas bases de sustentação . Nosso cuidado precisa, pois, ser dirigido não propriamente 1t escolha do sistema ao qual nos vinculamos no desejo de progresso, mas muito especialmente à atitude que nos caracteriza a adesão. É ela que decidirá do proveito ou do aprimoramento interior que obteremos, seja qual for a atividade a que nos estivermos entregando para dar vazão ao nosso anseio de crescimento. Os sistemas científicos, filosóficos ou religiosos representam métodos e processos de orientação. Desse modo são meios e não fins e nossa habilidade no seu uso é que decidirá da possibilidade de aprimorá-los para continuarem a acompanhar nosso fluxo de progresso interior ou da lamentável postura, tão comum à humanidade, de se fazer guardiã de sistemas que se cristalizam no tempo pelo zelo distorcido de seus adeptos. Se nos dedicarmos a combater em nós a nefasta tendência de contaminarmos os bens recebidos com a nossa inércia espiritual, Compreenderemos quão desnecessária e absurda tem sido a preocupação de combatermos os adversários de nossas convicções, porque na realidade esse adversário habita em nós mesmos quando, Invigilantes, percebemos o "argueiro no olho" do nosso irmão enquanto cultivamos a "trave" no nosso. Ao recolhermos nossas armas combativas para o campo das grandes renovações internas, todo o panorama terreno se modificará. Abrindo o âmbito mental para o novo entendimento da Vida, um extenso campo de batalha gloriosamente será percebido - o da alma 9
  • 10. que se busca a si mesma através das mais intensas e profundas renovações interiores. Desde então um grande e frutífero "silêncio" ocorrerá no tumultuado cenário da vida planetária. A alma humana coletiva terá cessado a algazarra das disputas externas para colocar-se em postura interna de sincera auscultação da Realidade de sua origem divina. Daí em diante, afinando-se gradualmente pelo "diapasão" da Luz, a vida planetária emitirá a sonoridade abençoada de um anseio de Paz que, dia-a-dia, se consolidará nos corações em vias de plena sintonia com a Vida Maior. Assim nos falaram todos os legítimos pioneiros da Nova Era, na qual, segundo o dizer de Jesus, a Terra será herdada pelos mansos e pacíficos. Até lá possam os nossos espíritos empenhar-se nas abençoadas batalhas interiores, onde forças antagônicas milenares produzirão o entrechoque através do qual poderão cair as muralhas de nossa cegueira contumaz em relação à Luz que habita em nós. Desde então poderemos compreender porque nos foi afirmado: "Vós sois o sal da Terra", "Que brilhe a vossa luz." Que à humanidade aflita e angustiada de nosso tempo possam surgir como legítimas as doces ressonâncias das palavras do Mestre no Sermão da Montanha. Tendo "subido ao monte" pelo esforço de nos elevarmos do "vale" de nossas incompreensões, possamos captar além das barreiras de tempo e espaço o suave enlevo de Sua presença a nos transmitir a mensagem de esperança no mundo novo, ou seja, no Reino que então poderá passar a fazer parte da vida planetária transformada pela Humanidade regenerada, ou seja "gerada novamente" no seio fértil de uma percepção adequada do panorama universal. América Paoliello Marques Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1977. 1 Sistema dos Espíritos - significado literal da palavra espiritismo (nota da médium). 10
  • 11. PREFÁCIO Moderada e abençoadamente uma absorção crescente e imperceptível de princípios espirituais transfunde-se poderosa sobre a Mente coletiva planetária. E no caos aparente das contradições de toda natureza, os valores negativistas do materialismo desintegram-se, como um corpo sem alma a putrefazer-se, provocando o exalar de odores nauseantes para os mais sensíveis. E a cultura luzidia de uma época de falsos luminares esboroa-se contra a insensibilidade e a frieza dos que se movimentam ainda sob o signo da filosofia do Nada, onde a Paz, a Esperança e o Amor jamais encontraram acolhimento. Uma interrogação generalizada levanta-se de todas as coletividades pressionadas pelos problemas existenciais, permitindo que se pressinta o surgimento de uma Nova Era do Espírito, capaz de sobreviver às cinzas do corpo doentio de idéias culturalmente festejadas, mas incapazes de resistir à ânsia de crescimento do Espírito Imortal. Os braços ciclópicos da contracultura2 representam o produto natural de uma reação que rejeita a "doença" do negativismo, buscando um novo renascimento do espírito. A rebeldia, o protesto e todas as formas de rejeição à situação de fato representada por uma cultura brilhante, porém, construída sobre a areia da negação da Vida Superior, representam o sintoma de uma vitalidade que não se extinguirá nunca. Significa a falência das profecias dos filósofos da negação, que desejam ver a humanidade caminhar hipnotizada para o sepulcro da destruição dos valores espirituais. E mesmo quando a rebeldia da reação à anestesia do Espírito revela-se por atitudes naturalmente imaturas na geração atrofiada pela ausência prolongada das sementes de nutrição espiritual, a inadequação dos meios de protesto ainda assim não consegue obscurecer a realidade de que, mesmo nos últimos estertores de uma época onde os valores espirituais se deterioram, encontra-se presente o fulgor ou a centelha da imortalidade, quando, como animal mortalmente ferido, a Humanidade reage ainda contra o ópio da alma que o materialismo representa e busca explicações mágicas, procedimentos místicos ou até mesmo terríveis expressões do satanismo, como desafio à cegueira do culto "científico" à destruição de seu direito à imortalidade! A herança espiritual do homem de hoje é comparável a uma religião cuja divindade máxima é o Nada. E assim como no passado os povos entregavam a Moloch, nas chamas da destruição, os seus inimigos para propiciar a divindade destruidora, os "sacerdotes" da ciência materialista lançam anátema sobre aqueles que se rebelam contra o culto da ilusão dos sentidos, entregando-os às chamas devoradoras de uma campanha de descrédito. Para eles, que não têm "olhos de ver" nem "ouvidos de ouvir", a simples possibilidade de investigar os aspectos espirituais da vida é rejeitada como "anticientífica", porque considerada antecipadamente errônea. E o dogma do materialismo continua a determinar o comportamento humano, mesmo quando a matéria já se liberou dos "véus de Maya" e apresentou-se como o "mágico" fenômeno da energia condensada. Entretanto, dia a dia ganham corpo as teorias avançadas da Física e da Parapsicologia e as fronteiras rígidas das percepções limitadas ao campo sensorial desfazem-se, deixando perceber 11
  • 12. novos horizontes com perspectivas promissoras da esperança de um existir pleno de valores ainda impossíveis de serem definidos. E, pouco a pouco, à proporção que a poeira dos grandes desmoronamentos teóricos do passado "científico" se esvai, começam a ser delineadas novas concepções da Realidade circundante e percebe-se, com espanto, quanto elas representam um retorno aos ensinos dos grandes Mestres do passado remoto, cujas palavras hoje tomam o sentido de ficção científica na era do descobrimento do átomo como energia propulsora. As concepções abrangentes do Universo como um conjunto de energias cósmicas palpitantes, a noção de uma vivência pluridimensional cujos estágios mais rarefeitos são determinantes dos mais densos; a identificação do conjunto universal como um "grande pensamento"3 e toda uma imprevisível reformulação de amplitude antes inacreditável abrem campo às cogitações sobre o existir humano, onde a antiga Filosofia ainda pode ser considerada estreita para conter toda a nova gama de assombrosas reformulações no campo da investigação científica. Espiritualistas deixam de ser visionários para serem considerados como seres capazes de grandes "insights", palavra nova com a qual se procura catalogar respeitavelmente o desacreditado dom divinatório de todos os grandes iniciados. E, de Hermes Trismegisto a Giordano Bruno e a Francisco Cândido Xavier, uma grande jornada se efetuou através dos tempos, na qual multidões de seres se dedicaram a fortalecer as vinculações entre o visível e o invisível, lutando silenciosamente contra os preconceitos do estreito materialismo em todos os tempos e assim permitindo que não se apagasse nunca o rastro da Luz do Espírito Imortal, em sua escalada impassível de retorno às origens espirituais da Vida. Porém, o novo homem que surge como produto híbrido de fé e descrença, é frágil e vacilante em sua singular caminhada. Avança com passo inseguro e seu pensamento, caracterizado pela intensa atividade de busca, oscila entre o "sim" e o "não". Uma grande expectativa vibra em seu Ser, pois se decidiu a encontrar o Caminho mais apropriado à plena expansão de suas potencialidades. Naturalmente seu processo de deslocamento é lento, mas torna-se a cada passo a grande e inolvidável aventura de reconhecimento do campo aberto à vida que o Universo representa. Exteriormente talvez seja identificado como um ser frágil e indeciso, para a era em declínio do culto à eficiência externa a qualquer preço, pois seu interesse encontra-se centrado na busca da plenitude existencial em seu mundo interior. Diante de tais descrições seria lógico indagar: "estaríamos apregoando a validade do retorno à experiência mística caracterizada pelo desprezo ao mundo com todos os seus valores positivos? A Nova Era seria composta por homens desligados da ação construtiva no plano material? Nesse caso, não estaríamos ameaçados de um retrocesso pela inabilidade na manipulação da estrutura do grau de civilização alcançado?" Em resposta precisaríamos discernir o homem eficiente do século XX, responsável pela previsão de uma tecnologia superior a tudo que se poderia sonhar há um século atrás, encontra-se na posse de plena compreensão e do domínio de suas responsabilidades diante do panorama que lhe cabe manipular. E então compreenderemos que se tornou escravo de sua suposta "eficiência", pois para exercê-la tal como lhe é exigido abre mão de seu direito à individualidade como ser humano, mecanizando-se como peça ajustada de um grande conjunto 12
  • 13. sem alma. O ser aparentemente frágil e indeciso que prefere marginalizar-se é estruturalmente tão débil quanto o que se deixa arrastar pela voragem dos acontecimentos, impotente para uma reação pessoal. Poderíamos mesmo supor que uma frágil reação de reajustamento vivencial se esboça naquele que se encontra atônito, mas que pára a fim de não se deixar arrastar. Para esse ser enfraquecido e espoliado, aparentemente desprezível por não se engajar no conjunto dos "bem sucedidos na vida", segundo os padrões do materialismo moribundo, existem esperanças de crescimento, desde que não se detenha no desencanto e no desalento provocados pelo desajuste existencial que o cerca. Se após a parada inicial onde se conscientizou do horror de ser devorado pelo negativismo da cultura "positivista' decidir encontrar novos caminhos; se não considerar compensadora por si mesma a atitude de oposição que desperdiça energia e não conduz a nada, senão à hipertrofia da vaidade e do personalismo; se sua necessidade de reação se erigir sobre os alicerces resistentes de um espírito de crítica construtiva e benéfica, então novos rumos lhe estarão disponíveis na abençoada troca de valores entre o potencial extraordinário de riquezas intraduzíveis que adormece no seu arsenal interior, na Origem Espiritual da Vida, que então reconhecida, abrir- lhe-á o novo mundo a ser conquistado, onde as trocas energéticas entre sua Centelha Espiritual e a Vida surgirão como um novo modo de existir, onde mesmo vinculado aos compromissos da matéria, conseguirá sentir-se filiado às esferas imortais do espírito. Desde então o ser humano se constituirá no grande descobridor de novos continentes, onde a vida se diversificará por enriquecimento crescente na extraordinária aventura de aproximar-se cada vez mais do próprio "Eu", redescobrindo os segredos da Vida e desfazendo gradualmente as distorções da ótica imperfeita das primeiras etapas evolutivas. E nessa viagem em torno de si mesmo tornar-se-á pioneiro de processos novos de existir, encontrando outros que se lhe associam, estimulados pela mesma necessidade interior de evoluir em direção à própria destinação espiritual! Desse modo, pouco a pouco, engrossar-se-ão as fileiras dos mansos e pacíficos que herdarão a Terra para nela consolidarem o mundo de regeneração e de Amor, onde o pequeno, o desajustado e o aflito encontrarão apoio, amparo e segurança, pois dai em diante o Pastor começará a reunir o Seu rebanho para a jornada de Paz e de Amor! Convosco, hoje e sempre, Rio, 21 de março de 1978. RAMATIS (2) A contractura pode ser entendida de duas formas. O termo contracultura se refere ao conjunto de movimentos de rebelião da juventude que marcou os anos 60, como o movimento hippie, a música rock, a movimentação nas universidades, as viagens de mochila e as drogas. O apogeu do movimento da contracultura ocorreu no Festival de Woodstock, nas proximidades de Nova 13
  • 14. Iorque, em agosto de 1969, quando 300 a 500 mil jovens reuniram-se para um encontro de massas para celebrar o rock e manifestar-se pela paz. Trata-se, então, de um fenômeno datado e situado historicamente e que já faz parte do passado. De outro lado, o mesmo termo pode também se referir a alguma coisa mais geral, mais abstrata, a um certo estado de espírito, a um certo modo de contestação, de enfrentamento diante da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às forças mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante. Um tipo de crítica anárquica que, de certa maneira, "rompe com as regras do jogo" em termos de modo de se fazer oposição a uma determinada situação. A contracultura, assim entendida, reaparece de tempos em tempos, em diferentes épocas e situações, e costuma ter um papel fortemente revigorador da crítica social. (3) Referência às palavras do físico James Jean. (4) Nota do revisor: Há um preconceito no positivismo científico segundo o qual Nó há ciência do visível e da quantidade, do fato e da lei. Dessa forma, linde a excluir todo o imenso campo das ciências metafísicas e sobrenaturais. 14
  • 15. ALGUMAS PALAVRAS Nesta oportunidade, expressar-me sobre a magnitude desta obra significa simplesmente reconhecer o sidéreo que este fenômeno é para entrega de Amor e Paz - como é a chave inicial de todas as entregas - acrescentando algo muito grandioso: a Sabedoria do Mestre Ramatis. Não é minha intenção, como Ramatisiano, avaliar sob minha humilde lupa, o que esse prestigioso Mestre entregou à Humanidade em suas obras, que não poucas, uma vez que por si mesmas falam do magnífico que emitiu e ainda emitirá futuramente por suas qualidades e condições siderais, pois não somente prepara os estudiosos de qualquer origem religiosa, mas também oferece a cada ser emancipado, "aquilo" que sua condição mental pode assimilar. Como deixei entrever anteriormente, Ramatis não é um Luminar somente para este planeta Terra, onde demonstrou amplitude de conhecimentos, mas também demonstrou possuí-la sobre outros planetas de nosso Sistema Solar, além de outros corpos de sistemas distintos ao nosso, como é o caso de Capela. Primeiro detalha minuciosamente a vida material e espiritual da humanidade do planeta irmão Marte, como que anunciando as futuras etapas com as quais deverá defrontar-se nossa humanidade selecionada nas sucessivas etapas de evolução, coincidindo como planeta de "Regeneração" a partir do Terceiro Milênio. Em segundo lugar, demonstra a capacidade de seus conhecimentos, quando enfoca as características materiais e espirituais do planeta Capela, situado em outro sistema, e também discorreu sobre os exilados desse planeta até o nosso orbe, desde a Lemuria até os dias atuais, em que continuam muitos desses exilados sob regime de provas, prestando seu exames, agora junto a nossa humanidade, no profético e simbólico "fim dos tempos". Com base nessa enorme preocupação sideral que possuem as hierarquias sobre o nosso planeta e sua humanidade, é que todos os Mestres tratam de inculcar em seus estudos aos adeptos e simpatizantes, a enorme responsabilidade que compete a cada um perante a Lei. Sendo assim, aqui temos uma nova, simpática e estimulante proposição de Ramatis, não só para os estudiosos que o seguem por meio de seus trabalhos. Aqui se coloca algo novo, contundente e eficaz, sob o principio construído e incorporado em nosso acervo milenar e espiritual, que é o mesmo que dizer, quanto temos assimilado em nossa larga trajetória reencarnatória até o presente. "Viagem em Torno do Eu" não é uma obra literária, e sim uma obra que se integra à coleção de Sabedoria Ramatisiana. Nem tampouco visa a colaborar para despertar o estudioso adogmático, livre, sem ataduras para nenhum caminho ou religião que professe ou haja professado, pois, na hora crítica que se encontra o ser humano, o importante é munir-se do caudal de experiências trazidas e assimiladas ao longo dos milênios, para colocá-las ante a hora profética do presente; é ir de encontro e extrair dessa bagagem as fibras íntimas de nossa contextura espiritual. 15
  • 16. Assim como a mente organiza um determinado trabalho, seja qual for, move com sua disciplinada vontade, a orientação para chegar a um final feliz de sua obra planificada. O que propõe Ramatis, como primordial e necessário, para avaliar nossa condição espiritual interna? Não cabe a menor dúvida de que a humanidade vive atribulada com as experiências de toda sorte, advindas da tecnologia do século XX. Para tanto, o ser humano se preocupa enormemente com sua subsistência material, suas possibilidades econômicas e com o que menos se preocupa é com seu aspecto moral e sua obrigação para com seus semelhantes, e ainda menos com o que diz respeito a sua evolução espiritual. Diz-se que os estudiosos espirituais são muitos no mundo, mas, no contexto dos quase seis bilhões de encarnados, os curadores ficam muito reduzidos. Aqui é onde Ramatis nos recorda com muito amor, que o homem do século XX possui elementos em sua bagagem espiritual que não devem ser desprezados, pois empreender a "viagem" ao interior de nosso acervo espiritual é ir buscar algo semelhante, como um oásis em meio ao deserto, que é a situação em que se encontra o homem moderno, no que diz respeito às lutas diárias com que se depara na selva de pedra atual. Onde encontrar o oásis que sacie a sede espiritual? Por onde começamos? Comecemos por analisar as qualidades que possuímos e de que modo empreendemos a viagem ao redor de nós mesmos, usando nossas próprias ferramentas; é bom ir sabendo que, dessa nova experiência, a conclusão é situar-se simbolicamente à "direita" ou à "esquerda" do Mestre Jesus. Não é minha função detalhar as qualidades "crísticas" ou " a n t i c r í s t i c a s " q u e r e s u l t e m d o c a m i n h o i n t e r i o r q u e empreendemos, porque a sábia condição de Ramatis nos fará reencontrar com o "maná" que possuímos e que, muitas vezes, não o conhecemos e muito menos o aproveitamos. E, quão sublimes são os valores que nos apresenta este Mestre nesta transcendental obra, que o único desejo que possuímos, depois de nossas sinceras reflexões, é dar graças ao Mestre por recordar-nos o quanto tínhamos e não soubemos compreender e aplicar, tendo a fonte inesgotável no íntimo de nossas centelhas espirituais. E, finalmente, umas palavras de amor e consideração perante o prodigioso e louvável labor mediúnico, recepcionado pela D?. América Paoliello Marques, que juntamente com o Dr. Hercílio Maes, lograram completar um ciclo de ensinamentos de Paz, Amor e Sabedoria, dos quais tanto necessita nossa humanidade, e que este Luminar possa seguir oferecendo para a humanidade regenerada do Terceiro Milênio, por intermédio de novos e amorosos sensitivos. Manoel Valverde (principal tradutor das obras de Ramatis para a língua espanhola) Buenos Aires, 12 de novembro de 1999. 16
  • 17. Capítulo I DIÁLOGOS COM O MESTRE Pergunta - Ao nos colocarmos perante o trabalho, procurando servir de instrumento ainda que imperfeito à inspiração Superior, após expressarmos nossa gratidão pela abençoada oportunidade de serviço que se renova neste momento, desejamos tornar- nos capazes de corresponder à expectativa representada pela necessidade de "filtrar" os ensinamentos necessários a nós e aos nossos irmãos. Para isso colocamo-nos diante do Mestre Jesus, invocando-Lhe a assistência generosa que nos permita elevar o padrão vibratório para o serviço do Amor. Sabemos que neste momento iniciamos um diálogo com o Mestre que é a Luz do Caminho, pois seguimos a recomendação do Seu Evangelho, procurando tornar-nos os servos diligentes da "última hora", esperando receber orientação sobre como serão conduzidos os referidos diálogos no presente trabalho. Ramatis - Cenas belíssimas dos momentos de intercâmbio d' Aquele que é a Luz do Caminho na Sua passagem sobre a Terra poderiam ser evocadas de nossa memória espiritual, visando conduzir-vos ao suave enlevo com o qual os mortais usufruíram os privilégios de se acercarem Dele, que, sereno e solitário, vagou por montes e vales, espargindo a Luz das paragens cósmicas. Aos que possuíam "olhos de ver", um divino estupor paralisava o sentido do tempo e do espaço e como um vórtice irresistível entrava em cena a dimensão eternidade, como resultado da ação do "campo" energético por Ele mobilizado na grande magia crística de que Se fazia o centro. Bastava essa visão celeste para mobilizar ecos adormecidos nas almas bem formadas, numa vaga percepção de suas vinculações com o inexprimível processo de dinamização psíquica representado pelo Ser - vórtice de Luz - cuja presença paralisava o impacto da treva na vivência humana. E uma grande e fulgurante interrogação se delineava nas mentes assim tocadas, momentaneamente, para o grande desafio do despertamento consciencial, como um rastro de luz de natureza inexplicável, a desafiar a pesquisa posterior por períodos de longos séculos de renovações constantes. Numa cena aparentemente comum no Planeta, um homem falava à multidão, dialogando com ela. Entretanto, os registros astrais e mentais dos seres envolvidos no referido evento eram abalados por uma energização, por um impacto vibratório proporcional à grandiosidade do escoamento de forças poderosas às quais aquele Ser encontrava-se vinculado. E todas as vezes que, daí por diante o processo de interiorização ocorresse em momentos decisivos das almas assim tocadas, repercussões infinitas ocorreriam em um nível não verbal, de profundidade proporcional à inexplicável experiência de se ter um dia sido tocado pela suave magia do Amor Crístico, exalado da aura do Mestre da Luz. Pergunta - Seria o objetivo do presente capítulo relembrar os diálogos estabelecidos entre o Mestre Jesus e os homens que Lhe buscaram o convívio? Ramatis - Por trás das ocorrências do plano físico encontra-se a mensagem correspondente de nível espiritual profundo, como cenas de uma peça 17
  • 18. montada para despertar reações a longo prazo nas mentes do público. Quando a Espiritualidade planejou a passagem didática de Jesus entre os homens, previa-se que nos Seus três anos de apostolado de Amor estariam depositados os recursos pedagógicos a se desdobrarem em repercussões infinitas. Em especial, estaria sendo montada na mente coletiva a imagem do diálogo do Ser consigo mesmo. Pergunta - De que forma interpretar essa última afirmação? Ramatis - Nos Planos Cósmicos da Criação, a trajetória do espírito em sua escalada evolutiva encontra-se traçada de forma segura e garantida a execução desses mesmos Planos através de Mecanismos impressos nas matrizes mentais de seus executores. Desse modo, tanto os Grandes Planos como o "itinerário" do ser individual em sua jornada para a Luz, encontra-se assegurados por Leis que se cumprem rigorosamente. A passagem dos Mestres junto às coletividades de todos os níveis evolutivos visa objetivar, para os que ainda não conscientizaram a diretriz interior, a situação dialética entre o ser mergulhado no mundo das formas e a sua própria realidade espiritual. Pergunta - Como podemos compreender a utilidade dessa objetivação visando uma repercussão profunda se de modo geral os espíritos ainda não se encontram preparados para seguir o Caminho, nem mesmo em nível de adesão no mundo das formas? Ramatis - O mundo das formas em seus aspectos f r us t r a d o r e s s e r v e p a r a a c o r d a r r e a ç õ e s p o d e r o s a s d e reajustamentos profundos. A alma, em seu aprendizado inicial, necessita do choque de retorno que rege os planos da evolução, sem o qual não se concretizaria o despertamento necessário. É a lei do carma que permite a atualização gradual das potencialidades divinas do Ser em crescimento. A repercussão profunda do chamamento ocorre em dois níveis simultâneos. Participando dos eventos, mesmo que semiconsciente do panorama circundante, o espírito submete-se à açâo energética da ocorrência como num laboratório de dupla ação. Como ser humano avalia os fatos ao nível de sua capacidade de percepção, registrando o impacto emocional e intelectual na Memória espiritual para futuras reavaliações, guardará esse registro como uma amostra mais ou menos proveitosa do nível de seu aprendizado perante o reagente através do qual sua sensibilidade foi tostada. Embora não consiga avaliar integralmente o significado da experiência vivida, ela não se perderá. Um diálogo de maior amplitude ocorre entre o Ser e a expressão esplendorosa de Vida representada pelos Seres já iluminados, como mensagens vivas da Divindade em plena expressão à divindade latente no Ser ingênuo ou embrionário em suas reações perante a Lei do Amor. Pergunta - Essa ocorrência se verificaria indistintamente para todos os personagens das cenas referidas entre os Mestres e a Humanidade? Como compreender o papel dos que se colocam em posição de antagonismo frontal aos ensinamentos vivos que os Mestres representam? Ramatis - Esses se encontram em oposição à própria capacidade de crescimento 18
  • 19. dentro da vida. Agridem-se a si mesmos e com isso constroem os instrumentos de despertamentos dolorosos futuros. Na medida em que hajam participado negativamente de encontros com os Mensageiros da Luz, maior será o contraste da dor a ser suportada por ocasião do despertamento de sua percepção espiritual. Dessa forma os eventos presenciados funcionarão como benéficos catalisadores de uma renovação dolorosa, mas grandemente produtiva. Pergunta - Tendo em vista que tais espíritos encontram-se despreparados para o aproveitamento dos ensinamentos que rejeitam, não seria rigor demasiado submetê-los a uma experiência superior a sua capacidade de aproveitamento? Ramatis - O Amor jamais exige, porém não consegue restringir-se perante o desamor. É da Lei que ele se expanda, pois o Universo lhe pertence. A luz precisa propagar-se, sem o que deixaria de ser o que é. Se alguém não deseja recebê-la precisa endurecer-se, construindo barreiras à sua expansão. Essa experiência pertence ao aprendizado da auto-expressão do espírito. A luz, como o Amor, não exige. Doa-se sem impor-se, pois todos podem fechar-se sobre si mesmos no clima da negação pelo tempo que desejarem, suportando, porém, o ônus necessário do ressecamento espiritual. Se a Lei não previsse formas de despertamento ela não seria a Lei do Amor, consentindo na continuidade indefinida da distorção do principio evolutivo impresso no cerne da natureza divina dos seres criados. Pergunta - Em se tratando, porém, de seres "ingênuos ou embrionários" não estaria caracterizada uma situação de impotência temporária? Sendo assim, como compreender que precisem suportar conseqüências dolorosas pelas suas reações inadequadas? Ramatis - Tais reações não seriam, em absoluto, inadequadas, considerando- se a necessidade de todos os espíritos passarem por todos os níveis do processo de evolução. Entretanto a imaturidade não representa obrigatoriamente distorção e antagonismo à Lei. O imaturo simplesmente não se toca, não consegue responder à altura do evento no qual participa. Milhares de almas presenciaram a passagem do Mestre e registraram tais eventos como seres despreparados para segui-Lo, deixando-se tocar pela Sua Luz e prosseguindo no ritmo peculiar de sua ascensão incipiente. A esses ocorrerão reminiscências mescladas de melancólica percepção de sua impossibilidade temporária para refletir e absorver todo o Bem que lhes fora oferecido de maneira generosa. Captarão ecos preciosos diluídos na esteira do tempo, como a luz amortecida pela neblina de sua consciência semidesperta. Porém, a figura do Mestre estará preservada em sua memória, vinculada à repercussão do beneficio que puderam captar. Entretanto, essa não será a situação dos que O rejeitaram deliberadamente. Pergunta - Essa última afirmação pode repercutir em muitas mentes como uma proposta de represália no Plano Superior. Que dizeis? Ramatis - Antes de assumirem a posição de antagonismo à Luz, os espíritos rebelados conheceram o valor da Luz. Não são, portanto, isentos de responsabilidade de suas decisões, inclusive porque o Plano Espiritual Superior vela incessantemente para o esclarecimento oportuno de todos na Grande Caminhada. Quando se afirma que um espírito rebelde é ignorante, isso não significa que esteja alienado por não possuir capacidade de avaliação dos atos que executa e sim que preferindo posicionar-se em contraposição à Lei, inscreve-se nas falanges que buscam ignorar os resultados de seus atos destrutivos. Seriam ingênuos no sentido pejorativo do termo, pois sua consciência embrionária, embora advertida 19
  • 20. pelos mensageiros e servos da Luz, tenta contrapor-se à Força Criadora cuja grandiosidade, beleza e Amor entoam constante hino de harmonia em todo o Universo manifestado. Mobilizados pela revolta que a inveja dos seres mais harmonizados lhes incute no espírito, inconformados com a necessidade de esforços constantes para conquistarem os bens que cobiçam sem desejarem pagar o preço de sua conquista, pretendem "tomar de assalto o reino dos céus", ferindo-se nos processos defensivos de que o Universo é provido para a preservação do Sistema garantidor do progresso a todos os seres viventes. Impotentes para inverterem o panorama da Vida, dedicam-se a ferir seus irmãos mais esclarecidos, tentando denegrir-lhes a reputação e impedir-lhes o progresso, acarretando longos processos de revisão cármica para o futuro. Mesmo nesses casos, porém, é possível constatar que permanece viva a chama de uma busca constante de bens simbolizados na felicidade ansiosamente procurada, mesmo que por meios inadequados. E em quem possuir "olhos de ver" permanecerá de pé a constatação de que, por trás dos estados dolorosos provocados pela inadequação dos meios, o processo de despertamento espiritual continua em andamento incessante nas grandes e tumultuosas elaborações do psiquismo inconformado. Em síntese, mesmo o trânsfuga da Lei vive, reage e aprende sob a égide do Amor que o constrange a corrigir-se para conseguir alcançar a Paz. Pergunta - E quanto àqueles que não tiveram a oportunidade de contatos diretos com o Mestre, de que forma ocorreria seu despertamento? Não possuindo um modelo no plano das formas, como despertar os ecos espirituais para o sublime diálogo com o seu Eu Superior? Ramatis - Da mesma forma que o ser humano preserva inconscientemente o "clima" espiritual de seu grupo familiar nos mais recônditos mecanismos de suas reações atávicas, todo ser criado possui a "marca" espiritual de sua Origem Divina. E da mesma forma que gostos, tendências e potencialidades genéticas permanecem como um traço de união entre os membros de uma raça ou família humana, o ser espiritual, marcado pela sua programação evolutiva, permanece ávido de aspirar o perfume das Esferas de Origem. E, mesmo mergulhado no processo de renovação cármica das primeiras etapas de seu crescimento, permanece sensível ao chamamento da Vida Superior, enquanto não se endureça propositadamente visando o apego dos bens materiais. Pergunta - Não existindo a presença evidente de um Mestre para exercer a função de um detonador psíquico do diálogo do ser consigo mesmo, qual seria a forma desse processo ser desencadeado? Ramatis - O Universo criado representa uma gama infinita de mensagens codificadas através de um espectro de vibrações que fluem desde a Energia Central da Vida ao mais rudimentar dos seres organizados. Essa sinfonia de cores, formas e sons visam à sensibilização dos seres viventes para a esplendorosa descoberta de sua destinação divina. Os pássaros que cantam, a luz dos sóis a se refletir sobre todo o panorama dos sistemas planetários com as infinitas gamas de efeitos policromos e multifários, os próprios reflexos de todas as interações efetuadas pelos corpos e energias em pleno funcionamento sobre o conjunto energético representado pelo ser psicofísico representam permanente processo de sensibilização para o reconhecimento do Caminho a ser seguido pelo espírito em seu deslocamento dirigido ao despertar de sua autoconsciência crística. 20
  • 21. Pergunta - Poderíamos compreender que bastaria o processo de despertamento energético do ser vivente para ser atingido o objetivo de um encontro com o seu Eu profundo? Ramatis - Quem poderia isolar um único ser existente no mundo das formas materiais ou mais sutis, em relação às forças que permanecem percorrendo a vastidão dos espaços, provenientes de Mentes seletoras, capazes de imprimir ao fluxo da Energia Criadora o ritmo da evolução geral? A Centelha Divina fertiliza o Universo criado por permanecer comandando o progresso do espírito imortal e tanto vibra nas altas freqüências do Amor Crístico presentes nas Esferas Superiores da Vida como ressoa timidamente no ser semiconsciente de sua natureza e origem. Pergunta - Poderíeis fornecer maiores esclarecimentos? Ramatis - As Mentes dos Planejadores siderais energizam os campos vibratórios dos mundos sob seus cuidados. Por sua vez seus prepostos de todos os níveis funcionam como transformadores do potencial energético do Amor Crístico, disseminando a Luz da Espiritualidade e mantendo-a acesa em todas as épocas e locais. Os Mestres que encarnam como Avatares da Luz Crística em todos os grandes momentos previstos pela pedagogia sideral derramam mais um pouco de óleo nas modestas lâmpadas que os seres de boa vontade representam e essas, por sua vez, continuam a fazer, arder a chama do Amor puro na medida de suas forças, servindo de ponto de referência para aqueles cuja luz ainda permanece amortecida nos processos densos das encarnações iniciantes. Desse modo, a intuição aguçada do homem que se espiritualiza por um processo natural de amadurecimento através das múltiplas experiências reencarnatórias, tem identificado no sol, nos ventos, nos trovões, nas árvores, assim como nos seus irmãos mais avançados em sabedoria e amor um sucedâneo legítimo dos Mestres que lhes falam sem palavras pelas vias naturais de sua percepção espiritual, sobre a destinação superior ainda ignorada em seus aspectos mais rarefeitos. E aquele sublime diálogo do Ser consigo mesmo permanece ativado no silêncio do templo interior, que vai, aos poucos, povoando-se de imagens representativas do grande evento de um despertar da consciência sobre si mesma e sobre o Universo! Paulatinamente, permeando os séculos e milênios, tais imagens sofrem reduções necessárias em seus aspectos inadequados, sendo substituídas por outras mais cristalinas e diáfanas, apropriadas à percussão e impregnação energética de maior lucidez e mais perfeita conexão com sua Origem divina. Tal "transmutação alquímica" processa-se, indiferentemente, com ou sem a presença de Mestres perceptíveis. Pergunta - Como deveria ser interpretada a afirmação de que "quando o discípulo está pronto o Mestre aparece"? Ramatis - Em última análise significa a impossibilidade de alguém estar desvinculado de sua Origem Divina e da proteção dela decorrente. Representa ainda a realidade de um processo que se cumpre com a mesma regularidade prevista para a execução dos grandes planos da Criação, pois esses possuem também flexibilidade suficiente para conter as influências eventuais de desvios decorrentes das naturais oscilações dos planos das formas. 21
  • 22. Poderíamos ainda interpretar tal afirmação como referida ao momento em que a personalidade humana absorve de sua Centelha Divina mensagem suficientemente clara para submeter-se aos interesses imortais do espírito, tornando-se apta à sensibilização perante as irradiações sublimadas dos seres que avançam nos níveis mais sutis do Universo. Antes desta ocorrência encontra-se, como toda a Criação, mergulhado na Vibração crística do Amor Universal sem, porém, ser capaz de registrá-la. Pergunta - Como é vista pela Espiritualidade a ânsia atual, mente disseminada em todas as latitudes do globo terrestre, brear um Mestre para ingressar nos caminhos da vida mistica? Ramatis - Como decorrência natural do ressecamento espiritual da civilização materialista. Pergunta - Não existiria a possibilidade de os seres humanos recaírem na situação que Jesus classificou como a de "cegos que conduzem outros cegos" com o risco de ambos caírem no abismo? Ramatis - Seria mais adequado considerar que, sentindo-se todos à beira do despenhadeiro, os cegos resolveram tornar-se solidários, aproveitando o pouco de visão de que ainda dispõem para tentarem encontrar o caminho que os afastará das imed iações dos sorvedouros da corrupção e do egocentrismo, onde grande parte de suas reservas de vida já se encontram imoladas. Pergunta - Como interpretar a grande proliferação de místicos, gurus e profetas em nossa época, compreendida por uns como um elemento salvador e de esperança e por outros como uma perturbação a ser combatida pelos mais esclarecidos? Ramatis - Os falsos gurus, místicos e profetas que hoje assustam os "mais esclarecidos" representam a proliferação natural da grande máquina de manipulação do semelhante, cujas origens remontam a milênios, representada pelos sacerdotes e sábios ou cientistas venais que se interpõem, por interesses egoístas, entre a Verdade e seus irmãos menos esclarecidos. A esses o Mestre interpelou com as pungentes palavras: "Ai de vós, que conheceis o caminho, mas não passais a ele e não permitis que passem os vossos irmãos", acrescentando que muito maior seria o peso de sua responsabilidade porque se interpunham entre a Luz da Vida Maior e aqueles que se confiavam à sua guarda. Pergunta - Estariam os cientistas e religiosos que combatem as novas tendências místicas largamente difundidas nas últimas décadas, implicados de algum modo nesse processo? Ramatis - A grande mistificação da sociedade materialista ou dos grupos hipocritamente espirituais consiste em se combaterem mutuamente em nome do bem-estar dos seres humanos, quando, na realidade, perseguem a meta egocêntrica de uma predominância de bens e de poder no panorama da vida material. O verdadeiro místico, como o verdadeiro cientista, encontra-se ocupado em pesquisar a realidade de forma descompromissada. Não busca adeptos e não faz proselitismo. Age no Bem, em busca da sintonia de seu espírito com a 22
  • 23. Força Criadora da Vida. Onde, sob qualquer pretexto, se retire benefícios pessoais imediatos das atividades espirituais, encontra-se o germe da cupidez, incompatível com o desapego, índice indispensável do valor espiritual das atividades de crescimento para a vida imortal. Pergunta - Poderíamos entender que só com o desapego total, com a renúncia à vida normal do ser humano, poderia-se obter afinação com a Espiritualidade? Ramatis - O desapego e a renúncia existem como real conquista do Espírito Imortal, não podendo ser verificados ao nível da relação do ser com o mundo das formas. O próprio fato de alguém encarnar seja em berço privilegiado na Terra, ou na mais dolorosa carência, pode representar renúncia se o espírito já alcançou sua liberação do apego à vida material. Não é o uso dos bens materiais que define a presença do apego, mas a forma pela qual tal uso repercute na alma durante o seu testemunho. Os planejadores espirituais podem colocar à disposição de um ser evoluído todos os bens materiais para que ele execute uma tarefa de Amor. Porém, se alguém que se intitula capaz de liderar no Caminho da vida interior usufruir dessa prerrogativa carismática para amealhar benefícios no mundo das formas, inscreve-se entre os "vendilhões do templo", que foram energicamente invectivados pelo Mestre na tão discutida cena de seu apostolado messiânico. Não é o usufruto dos bens da vida que define a graduação do ser espiritual, mas a forma pela qual esse usufruto se dá. A comercialização dos bens da Vida Superior denuncia a ignorância da verdadeira natureza de tais bens, cuja troca espontânea é de tal teor que transborda naturalmente, incompatível com o cálculo destinado à preservação dos bens perecíveis. O teor de tais experiências transfunde no espírito uma natural indiferença pelo que possa cercá-lo no nível da matéria, sem nenhum desprezo teatral destinado a impressionar o semelhante. Percebendo as vias do espírito, o ser desinteressa-se naturalmente pela preservação do corpo perecível e de suas vinculações com os prazeres menores do mundo das formas. Seus planos e recursos passam a concentrar-se na dimensão da Vida Imortal, convergindo sua alegria para as conquistas imperecíveis, ocultas aos olhos da maioria. Sem rejeitar melodramaticamente os gozos do mundo, restringe-se gradualmente à frugalidade, que não o torne um ser excêntrico, porém que lhe permita exercitar o desapego à proporção que se consolide nas vias profundas do espírito a atitude do peregrino valoroso e solitário das estradas internas, capazes de conduzirem à libertação dos condicionamentos provocados pelo mundo denso das formas. Pergunta - De que formapoderíamos sintetizar recomendações singelas ' para os que pretendem iniciar-se nos diálogos com o Mestre nas profundezas do próprio Ser? Ramatis - Ao contrário do que se possa supor, são extremamente singelas as recomendações decisivas para o progresso do espírito, pois singela é a Vida em sua grandiosidade. As complexidades denunciam carência de valores reais e profundos, fórmulas cabalísticas destinadas a exorcizar a ignorância do espírito em relação ao: "conhece-te a ti mesmo". O Mestre que percorreu o Caminho conhece-o como a palma de Sua mão, e pode reduzir a poucas palavras o roteiro sagrado do despertar para a Vida Imortal. E ninguém foi capaz de reduzir à expressão mais pura e simples a fórmula destinada a imprimir segurança ao aprendiz iniciante do que Jesus nas belíssimas e não menos fecundas palavras do Grande Poeta da Vida Maior, cujo poema singelo e grandioso foi escrito com sangue e lágrimas na 23
  • 24. Galiléia: "Amai-vos como Eu vos amei". Pergunta - A nosso ver essa seria a meta a ser atingida, constituindo-se na síntese de grandes reformulações interiores. Porém, como começar? Ramatis - Para o grande iniciado, como para o aspirante à libertação dos condicionamentos da vida material, a fórmula é a mesma, preenchida com os valores adquiridos pela experiência pessoal. Eis a razão pela qual a singeleza da recomendação revela a grandiosidade da Mente que a formulou. A sabedoria que aprofunda ao máximo as transmutações do espírito pode extrair da vivência conduzida a pleno êxito a essência da Vida, que adormece no âmago do Ser, laboratório pleno de revivescências da união com a Origem. E uma simples, porém condensada amostra do princípio Criador, como gota de Amor extraída de tal experiência renovadora consegue exprimir em recomendação compreensível a todos a fórmula do elixir da vida espiritual representado pelo Amor em todos os seus níveis. Quem pode definir o Amor? Porém, quem pode negá-lo por não saber defini-lo? O Mestre assim lançou à posteridade o Grande desafio da vivência superior do espírito, representada pelo Amor, deixando a cada qual a forma de expressá-lo segundo o seu grau de evolução dentro da Criação. Assim, pode Ele constituir-se no Amigo precioso tanto do sábio, do ignorante, do espírito de luz, quanto do que se encontra endividado nas trevas do baixo mundo da matéria densa, mergulhado nas provações necessárias ao despertamento de sua consciência de pertencer ao grande contexto da Vida Maior. E quando afirmou que veio para os doentes, não pretendia desqualificar sua exemplificação considerando-a inadequada para os espíritos evoluídos. Referia-se a impossibilidade de atingir com sua reverência à Vida Maior os espíritos endurecidos, capazes de se julgarem sãos num contexto probacionário como é o do planeta Terra. O Amor, que no dizer de Pedro "cobre a multidão dos pecados"5' humanos, representa a substância "mágica" cuja fórmula não pode ser fornecida, mas que surge naturalmente como produto das grandes elaborações interiores, provocadas tanto pelos grandes testemunhos que abalam os alicerces das civilizações, quanto pelos obscuros e silenciosos momentos de dor ou de êxtase perante a grandiosidade da Vida, no espírito capaz de reverenciá- la no grão de areia, tal como no brilho inefável das estrelas. Nessa linguagem de amplitude indefinível configura-se a aprendizagem do Amor, nas escalas mais díspares em que os espíritos possam permanecer. Em cada uma delas está o Mestre da compaixão a estender-lhe a mão na grandiosa singeleza do Seu Amor! (5) Pedro, la Epístola, 4: 8. 24
  • 25. Capítulo II VIAGEM DE CIRCUNAVEGAÇÃO Pergunta - Querido Amigo, após nos ser entregue de uma só vez o índice da presente obra, parece-nos impossível coordenar perguntas sensatas sem começar pela definição inicial do significado do título do presente capítulo. A que viagem vos referis? Ramatis - À longa, belíssima e indefinível caminhada do ser em busca de si mesmo. Pergunta - E como explicar que seja qualificada como uma circunavegação? Ramatis - Embora as realidades do espírito sejam processadas em dimensões irredutíveis ao pensamento concreto do plano intelectual, considerando que o princípio da correspondência pervaga toda a Criação, torna-se possível tentar clarificar tais processos à luz da razão pela utilização dos simbolismos e analogias que representam janelas ou respiradouros capazes de permitirem a renovação da atmosfera mental do ser humano. Tal procedimento representa uma atitude análoga à de alguém que, confinado em aposento completamente fechado, conseguisse fazer uma abertura para a renovação do oxigênio no ambiente. E, embora o metabolismo geral do organismo não dependa exclusivamente dessa renovação produzida pela oxigenação maior da atmosfera reinante, um novo impulso é recebido para a continuidade do processo vital. No âmbito do espírito imortal, tal renovação faz-se necessária objetivando a busca de intimidade crescente com o próprio ser em níveis de sucessiva aprendizagem ou despertamento para uma sensibilização referente aos processos da auto-realização. Por aproximações sucessivas, o ser renova suas concepções no processo de redescobrir os mecanismos da Vida. Ama, serve, fere-se nos espinhos da sua inabilidade, mas acrescenta sempre ao seu acervo espiritual um pouco mais de clareza, quando mais não seja sobre sua inadequação existencial dentro do Universo que o cerca. Desse modo movimenta-se em círculos concêntricos de diâmetros sucessivamente mais estreitos como resultado de seus esforços de aproximação da Meta. Para isso coloca-se na mesma postura dos grandes navegadores do passado que, corajosamente decidiram percorrer distâncias imensas para testar a hipótese de alcançarem novos mundos onde riquezas incomparáveis os aguardavam, como prêmio à intrepidez e à coragem de persistirem na busca de concretizarem objetivos considerados utópicos. E a grande viagem em busca de si mesmo desenrola-se num processo de aproximações graduais onde a Verdade de hoje torna-se insuficiente para a orientação adequada da aprendizagem do amanhã. E as dúvidas, incertezas e mágoas funcionam como aguilhões a forçarem o espírito à redescoberta dos meios para se sobrepor a cada novo desafio de seu crescimento para a vida imortal. 25
  • 26. Pergunta - Tendo em vista que todas as grandes fontes de ensinamentos iniciáticos dedicam-se a esclarecer os seres humanos quanto à sua destinação divina, qual a utilidade de novas obras serem escritas desenvolvendo os mesmos temas já explorados em milhares de obras e, mais especialmente, através de processos de filiação às escolas iniciáticas existentes na Terra? Ramatis - O ser humano, por sua natural etapa de desenvolvimento na escala evolutiva, promove-se hoje a uma condição sui generis. Não se inscreve mais entre os espíritos mais embrutecidos do Universo, porém, não é capaz ainda de se orientar com segurança para os caminhos do auto-esclarecimento. Por sua condição intermediária, é avesso à submissão cega, mas tem dificuldade de disciplinar-se para encontrar suas próprias potencialidades mais profundas. Torna-se, portanto, um ser "subnutrido" espiritualmente, embora hiperativado em sua capacidade referente a dinamismos intelectuais aplicados à obtenção do controle do campo exterior em que atua. Iniciações, disciplinas, renúncias, humildade, reflexão e meditação profundas foram sempre requisitos indispensáveis à mobilização dos processos de despertamento do espírito. A voragem do "progresso" interditou as vias de acesso às Fontes da Vida, reduzindo desastrosamente a capacidade de reflexão sobre si mesmo nos seres humanos. Torna-se um luxo, nos dias de hoje, obter-se alguns momentos de abençoada solidão do ser consigo mesmo. E quando isso acontece escasseiam as diretrizes superiores no panorama interno desabituado às cogitações transcendentais. Desse modo, uma barreira de inércia fecha o campo da mente superior, pois seria impossível improvisar um ardente empenho que jamais foi cultivado e que representa a arma capaz de abrir os caminhos da Vida Interior. Nossos irmãos "executivos" fecham a porta de acesso ao seu mundo interior, alienando- se nos embaraços da competição desenfreada em relação a tudo que possa opor-se como obstáculo às suas decisões no mundo dos negócios. Atrofiando a percepção interior, embora assinalem o mal-estar da insegurança, esta é atribuída à permanente oscilação produzida pelo processo competitivo dos negócios em que se encontram envolvidos. Jamais lhes ocorreria, como real necessidade de sua segurança pessoal, o aprofundamento de reflexões sobre a origem e natureza do seu próprio ser, tendo em vista a gerência de seu destino como ser imortal. Nossas singelas considerações visam despertar o interesse por reflexões do ser sobre si mesmo. Em doses homeopáticas de alta dinamização vibratória, as perguntas e respostas podem vir a despertar ecos no ser humano enredado nos vórtices das atividades inesgotáveis da vida moderna, produzindo reações a curto, médio e longo prazos, segundo o grau de sensibilização de cada um. De alguma forma, as perguntas e respostas podem funcionar como os pequenos glóbulos homeopáticos fáceis e cômodos de serem ingeridos a qualquer momento, sem a necessidade de assepsia e dos processamentos dolorosos das autênticas "agulhas hipodérmicas" das aplicações complexas de processos montados para o despertamento espiritual dos seres humanos no passado. A medicação simples da conversa despretensiosa é hoje a forma que temos de disseminar por toda parte os profondos ensinamentos da iniciação moderna - o Evangelho do Cristo em sua pureza iniciática. Pergunta - Como compreender a associação do Evangelho aos aspectos iniciáticos, quando à primeira vista parecem ambos tão dissociados entre si? Ramatis - A aparente distância existente entre o Evangelho de Jesus e os ensinos iniciáticos demonstra a extensão do processo de cisão da mente humana com relação aos aspectos 26
  • 27. de sua natureza profunda. Todos os que se deram com empenho à tarefa de vivenciar os ensinamentos espirituais percorreram as mesmas trilhas interiores e deram testemunho de sua União com o Eterno através dos mesmos procedimentos ou mecanismos espirituais profundos. Tais ocorrências sublimadas do viver humano assumiram aspectos de um existir transcendentalmente vinculado às Forças Superiores e, por escassez de vocabulário, o produto de elaborações de alto teor espiritual foi classificado com a palavra Amor, já utilizada para exprimir uma gama extensa de sentimentos, geralmente permeados por aspectos instintivos da vida na matéria. A certo nível da evolução humana o espírito interage com energias sublimes, num aprendizado sem palavras, de tal forma individualizado que dispensa totalmente a necessidade ou a utilidade de comunicação, uma vez que se trata do diálogo do ser consigo mesmo, dentro do panorama do Universo. Nenhum grande iniciado fez de suas palavras o instrumental mais importante de seu trabalho em favor da Vida. Eis porque aqueles que não percorreram o Caminho por uma extensão suficiente para construir a "ponte" entre o intelecto e a mente superior permanecem nos aspectos emocionais e intelectuais dos ensinamentos espirituais ao nível das palavras. Por essa razão, prevendo a distorção e ineficiência das palavras, os maiores instrutores da Humanidade, como Jesus e outros, preferiram falar de "boca a ouvido", imprimindo na mente sensível de alguns seguidores a mensagem viva de um despertamento consciencial que objetivava a continuidade da "chama" acesa de uma energia imponderável, cujo nome não importa para que ela exista. Aqueles que cruzaram a "ponte" entre o intelecto e a mente superior são os que "têm olhos de ver", nas palavras de Jesus ou os "redivivos" na linguagem iniciática do passado. Por processos de crescimento interno aproximaram-se das Fontes da Vida, cuja linguagem eloqüente dispensa adjetivações humanas. Para eles, que percebem por trás da "letra que mata" a presença do "espírito que vivifica", é fácil apreender a unidade da Vida nos ensinamentos espirituais legítimos de todas as origens. Reverentes, em sua tela mental percebem o Mestre que se desloca majestoso em sua solidão melancólica, sob a qual os "filhos do Homem", ou seja, os espíritos que não dependem mais do atavismo animal da Terra mãe, podem perceber a mensagem iniciática de uma vivência de amplitude cósmica. Foi tão grande a redução das realidades esplendorosas do espírito para que elas coubessem nas ocorrências dos relatos do Evangelho dos Apóstolos, que uma nuvem espessa de fatos, idéias e palavras encobriu a Realidade grandiosa do padrão energético no qual tudo ocorria. Por ser o olho humano um redutor poderoso das potencialidades do espírito, o drama do Calvário, assim como a cena do mais grandioso teor de alegria pura do Espírito, foi necessariamente reduzida a uma freqüência material limitada ao "assim foi dito e assim foi feito". Cabe a cada aprendiz do Amor Crístico retirar dos próprios olhos as "escamas" da cegueira materialista para conseguir deslocar-se com êxito pelo labirinto dos conceitos a que foram reduzidos os eventos esplendorosos da convivência da Humanidade com o Maior dos Iniciados que a Terra já viu e que se dignou baixar até ela seu padrão vibratório de Luz, sabendo que só os milênios produziriam nos seus "ouvintes" o impacto da reação saudável de auto-iluminação. Entregou Sua Mensagem e retornou às Esferas que O acolhem para esperar o crescimento das sementes que havia lançado. Pergunta - Como compreender a dificuldade evidente em certos setores espiritualistas para aceitarem a mensagem do Evangelho como uma iniciação em nível de massa? Ramatis - As escolas iniciáticas primaram sempre por preparar a ambiência do grande evento espiritual de despertamento consciencial daqueles que se aproximaram, por 27
  • 28. longas etapas anteriormente vividas, de urna condição mais amadurecida perante a Lei dos Planos Superiores. Os Instrutores, Mestres e Grandes Iniciados sabiam por experiência vivida o valor do impacto a que o aprendiz era submetido através dos rituais nos ambientes previamente preparados para isso. A concentração energética dos locais destinados a permitir que fossem removidos os "Véus de Isis" para que a Verdade fosse desnudada, rompendo a cegueira decorrente da condição limitadora do espírito encarnado; o simbolismo de cada etapa visando gravar de forma indelével no espírito iniciante os profundos significados da estrada a percorrer pelos labirintos do seu mundo interior; a alegria e segurança de saber que tanto ele quanto muitos outros seriam, através dos séculos, conduzidos por mão firme, amiga e segura, através dos meandros bem protegidos de uma longa transmutação interior, tudo isso proporcionava ao iniciado e ainda continua a fazê-lo, uma certeza de que a Verdadeira Vida permeia o Universo, bastando que chegue o momento exato para cada ser vivente receber a oportunidade sagrada de se desvencilhar da cegueira constrangedora que o impede de perceber em sua total dimensão de herdeiro da Vida Maior! Compreendendo o valor das preparações laboriosas para o Grande Encontro consigo mesmo e considerando mesmo serem elas o fator máximo para a segurança de tão delicada conquista, o ser humano familiarizado com os necessários rigores dessas escolas iniciáticas descrê da possibilidade de a massa humana ser conduzida pelo caminho áspero do autoconhecimento sem o apoio das mesmas disciplinas, sigilos e procedimentos simbólicos consagrados por todas as escolas de iniciação existentes através dos tempos. Pergunta - Poderia essa atitude ser encarada como uma rigidez mental adquirida por uma formação de rigor excessivo? Ramatis - Assim como o homem comum dotado de juízo sensato evita emitir opinião favorável às inovações que desconhece, por considerá-las perigosas, o iniciado que recebeu uma formação não será obrigatoriamente um iluminado capaz de emitir conceitos infalíveis sobre o progresso do espírito humano. Poderá sempre ser capaz de opinar sobre as experiências pelas quais atravessou algumas portas do crescimento espiritual, o que de nenhum modo o habilita a ser onisciente em termos espirituais. Aos Magos da Luz foi possível conhecer o Mestre antes mesmo que desse ao mundo Seu testemunho redentor. Haviam atingido graus de esclarecimento espiritual, passado as portas da iluminação que se situam muito além de um simples ingresso a procedimentos iniciáticos. Da mesma forma que ao estudante recém-formado em economia não é possível opinar sensatamente sobre a situação mundial e nem mesmo em relação à posição de seu município sem correr o risco de envergonhar-se mais tarde de sua precipitação, quanto mais esclarecido o espírito do iniciado menos se dedicará a emitir conceitos sobre a atuação dos Grandes Mestres. É necessário ainda considerar que iniciações existem para fins diversos. Elas representam um processo cujo fim a atingir varia segundo as intenções de quem a executa e cujo êxito é proporcional à capacidade de quem a ela se submete. Assim como para o cidadão analfabeto e crédulo existe uma compulsão natural para aceitar como palavra sábia a opinião de um estudante recém-formado, para o leigo em assuntos espirituais o julgamento de alguém que se afirme iniciado pode assumir foros de expressão da verdade incontestável, pois não possui elementos para uma análise em profundidade. Se rigidez existir, ela não poderá ser atribuída ao processo da iniciação, mas à forma pela qual os seres humanos se conduzem dentro dela. 28
  • 29. Pergunta - Gostaríamos de obter esclarecimentos sobre os fatores que podem conduzir-nos a concluir que o Evangelho de Jesus representa uma iniciação para o espírito humano. Ramatis – "O amor do Cristo nos constrange", dizia Paulo numa de suas epístolas. E testemunhou sua radical modificação após o encontro com o Mestre, em circunstâncias nas quais não se poderia reconhecer nenhuma preparação iniciática tradicional. Os doze homens perplexos que se reuniam no Cenáculo para orar e fugir da perseguição do farisaísmo e de lá saíram transformados pelas "línguas de fogo" que os visitaram, certamente não eram os mesmos que lá haviam se refugiado como ovelhas acuadas. As multidões que caminharam em transe sublimado de Amor para os circos romanos e mesmo os que se deixaram consumir nas masmorras da Inquisição por fidelidade aos ensinamentos esotéricos mais puros, todos eles retemperaram-se ao calor das dolorosas provações, não para defenderem os "tesouros que a traça não corrói". E, embora não fossem capazes de expressar um único conceito iniciático tradicional, passaram pelo processo de transmutação espiritual profunda que lhes proporcionaram os "olhos de ver e ouvidos de ouvir" a que o Rabi da Galiléia se referia, como instrumento e condição indispensável para reconhecer o Caminho. Fossem provenientes do ensino espiritual das castas sacerdotais conhecedoras dos "mistérios" iniciáticos, como Paulo e José de Arimatéia, fossem ignorantes pescadores como Pedro ou ainda nobres romanos cuja alma se habituara aos augúrios das pitonisas e às oferendas para propiciar os deuses, ou ainda o cidadão das metrópoles petrificadas do mundo atual, o fator capaz de definir a condição de iniciado esteve sempre exclusivamente representado pela tão falada "transmutação" do espírito que, no simbolismo hermético da alquimia, se define como a obtenção do "metal nobre", o ouro simbólico da Luz solar, representação material da irradiação do Cristo Planetário e das "chispas" dessa luz incandescente ao serem acordadas no mais profundo recesso da alma humana. Desde então o "ser" prevalece sobre o "existir", o "filho" encontrou o "Pai", a personalidade "sentiu" a individualidade imortal e seu destino "apreendido" no diálogo sem palavras do ser consigo mesmo. Que circunstâncias rodearam esse fato? Não importa. O objetivo foi alcançado, pois um rumo novo se delineia no processo vivencial e a alma humana assim tocada jamais poderá ser a mesma, inconsciente de sua destinação divina. No passado, os cuidados com os quais os Grandes Iniciados procuraram cercar as iniciações visavam preservar o aprendiz contra sua própria cegueira, para que os bens da Vida Superior não fossem transformados em instrumentos de destruição e descrédito. Porém, mesmo assim, o conhecimento sagrado foi utilizado por espíritos endurecidos, espalhando sobre a Terra a morte e a destruição em nome das Forças da Vida. Hoje a magia, que deveria ser meio de elevação dos seres humanos, degrada-os à condição de feras que se entredevoram. Nesse panorama de trevas, destaca-se a Grande Luz que se derramou sobre toda a carne, conclamando ao Amor. Foi Aquele que se imolou por Amor e retirou dos centros iniciáticos o privilégio sacerdotal, pois a classe que deveria disseminar a Luz mostrara-se tributária da treva, a ponto de imolar o Cordeiro. Lançado o grande desafio, isso só foi possível tendo em vista que Ele, o Cordeiro do sacrifício, possuía em Si os requisitos que, não só Lhe permitiam oferecer todos os graus da iniciação, como trazia acesa a chama capaz de transfundir todos os "vis metais" do ódio e da corrupção em Amor, o ouro puro da paz espiritual, desde que o aprendiz se dispusesse a seguir a estrada sacrificial que reduz e transmuta os resíduos da humana condição através da poderosa imantação do Mestre incomparável. Desde então os cuidados necessários à verdadeira iniciação se reduzem a fórmula: "Amai- vos como Eu vos amei". E o Amor, como bússola sagrada, corrigirá a rota de todo aquele que se determinar segui-Lo sem hesitações, pagando os altíssimos tributos de renovação íntima que 29
  • 30. tais procedimentos fraternos exigem dos espíritos nos níveis menores da evolução. Transportando das mãos sacerdotais para o coração de cada ser humano a possibilidade de ungir o espírito, habilitando-o à auto-renovação como transmutação sagrada, o Mestre deu à toda a Humanidade livre acesso à Luz que já estava "sob o alqueire", com risco de desaparecer da face da Terra. Desse modo, desde então, a palavra do Senhor é AMOR. Com ela abrem-se as portas ao livre acesso de todo ser que, corajosamente, aceita o desafio milenar do "Conhece-te a ti mesmo", na fórmula renovadora do Rabi da Galiléia. Pergunta - Poderíamos compreender que os cuidados representados por sigilos e rituais com seus respectivos simbolismos seriam inteiramente desnecessários ou dispensáveis para que o processo de despertamento espiritual pudesse ocorrer? Ramatis - O Plano Espiritual Superior planejou e montou recursos materiais e espirituais com a finalidade de proporcionar ao ser humano encarnado a abertura de "portas" de iniciação e crescimento compatíveis com o nível de evolução no qual todos se desenvolveriam num período previsto. Desse modo os três primeiros planos nos quais o espírito atua - o físico, o astral e o mental -deveriam ser mobilizados por procedimentos "pedagógicos" visando o espírito imortal. Ao nível físico, preparavam-se ambientes capazes de impressionar a percepção sensorial do aprendiz, como um apelo de primeiro grau, onde sua sensibilidade começava a ser trabalhada, induzindo-o ao descondicionamento em relação à supervalorização dos bens materiais. Na antecâmara da iniciação o candidato deveria começar o processo de retorno à "casa paterna"', voluntária e conscientemente. Era o momento no qual a "bússola" da sensibilidade mais profunda deveria apontar com segurança para o "norte" da Paz. Em tais circunstâncias deveriam ser percebidos os primeiros impulsos de uma elevação segura do espírito, como a ave que pela primeira vez percebe a finalidade de suas próprias asas. As austeridades impostas pelas disciplinas preciosas, físicas, emocionais e mentais, preparavam o ser para o deslumbramento de tal "Boa Nova" - a descoberta de sua condição de herdeiro da Vida Superior do Espírito. Nesse momento urna segunda porta lhe era franqueada por uma autêntica "recalibragem" do campo emocional purificado no amor à vida em dimensões renovadoras, tornando-o imantado aos aspectos positivos do nível astral, onde as emoções puras cooperam para tinia "filtragem" do conhecimento-luz. Na inteligência purificada abria-se então a terceira porta sagrada através da qual o fluxo da inspiração purificadora penetrava em longas e renovadas etapas de sintonização com a intuição pura, reveladora de um existir pleno de harmonia, antes insuspeitável. E, através desses degraus sucessivos, uma conscientização clara e grandiosa fornecia ao discípulo comprovações grandiosas de sua real natureza divina, onde a iluminação representava a meta a ser alcançada na contextura profunda do ser. Esse longo processo de renovação interior trazia a Boa Nova de um existir esplendoroso ao espírito sedento de Paz e de Amor! Porém, tal fato significava que se tornava necessário reproduzir, em ambientes especiais, condições de laboratório para a sensibilidade humana a partir da experiência milenar de outros seres que o antecederam no Caminho e que, conhecendo os detalhes do mecanismo evolutivo por experiência própria, conseguiam apoiar o despertamento de seus irmãos, desde que esses estivessem dispostos a submeterem-se a um treinamento que abarcava suas expressões físicas e emocionais sob o comando de um procedimento racionalmente planejado para quebrar as resistências dos níveis instintivos da vida. A vontade esclarecida era despertada pelo conhecimento do valor das renúncias de crescimento interior, caindo por terra o predomínio dos aspectos instintivos e emocionais, já então se direcionando tais energias para uma obediência ao plano de despertamento da consciência em níveis superiores da Vida. 30
  • 31. Tais processos pedagógicos tornaram-se a fonte de enriquecimento espiritual de uma parte da Humanidade. A rigor poderíamos considerar que a própria vida, em seu esplendor de beleza e harmonia, representa o panorama onde o processo pedagógico de despertamento do espírito para sua autoconsciência plena é executado a partir do "mergulho" da Centelha Divina nos envoltórios do Universo manifestado. Entretanto, a existência de uma realidade grandiosa preparada com esmero para acolher as etapas do crescimento para a aquisição de uma consciência desperta, não elimina a necessidade de instrutores e de procedimentos de orientação, pois o espírito ainda não se posiciona de forma esclarecida em relação ao esplendor do Universo que o acolhe. A Beleza, a Harmonia e a Luz que sensibilizam em vibrações sutilizadas a contextura aprimorada do espírito que se verticalizou perante sua condição de cidadania universal, apresentam-se dessa forma em escalas avançadas da evolução. No início o ser não possui os "olhos de ver e ouvidos de ouvir" a que Jesus se referia e, portanto, encontra-se na condição de cego que pode até conduzir outros cegos, porém ambos encontram-se arriscados a cair no fosso ou no abismo. No "amai-vos como Eu vos amei" encontra-se a resposta ao oráculo milenar em seu desafio ao ser humano para que se conhecesse a si mesmo. Pergunta - Como compreender essa` ultima afirmação? Ramatis - Os seres que atingem a vanguarda no processo evolutivo encontram-se nessa condição por terem praticado sobre si mesmos as benéficas austeridades que lhes permitiram substituir a inércia pelo dinamismo do crescimento de todos os matizes. Tal processo inicia-se no esforço rudimentar de prover a própria subsistência nos níveis inferiores da vida. Ao ser alcançado um "quantum" de Amor, esse logo é expresso em movimentos de transmissão do bem alcançado, pois é da natureza do Amor prover sua própria expansão. Desse modo a Lei preserva o valor máximo que lhe cabe zelar. Em toda a Criação, sempre que algum ser absorve Amor tende a expandi-lo, por conseqüência natural delimitadora de campos de recepção-transmissão da Luz que não pode permanecer sob o velador. A partir de tais processos, verdadeiras mini-iniciações ocorrem em escalas infinitas no Universo manifestado, desde o nível micro até ao nível macro. Compreendendo que o processo de iniciação representa o esforço de penetrar no conhecimento de suas potencialidades como participante da vida universal, sempre que a experiência vivencial aproxima o ser do conhecimento da energia do Amor que mantém acesa sua Centelha Divina, um fluxo "para fora" o impulsiona a crescer, induzindo-o a agradecer simultaneamente à Vida por meio da imediata cooperação com suas leis de harmonia. Nesse momento vivencial o espírito torna-se veículo consciente do Amor que lhe flui do recesso do ser. Passa então a conhecer-se "em espírito e verdade", pois só o Amor é Realidade insofismável que mantém a Vida em todas as suas expressões. O ódio repudia o Amor, mas este é capaz de receber e transmutar seu opositor, transfigurando-o para a Vida Imortal! Ao oferecer-se em holocausto sublime, o Mestre maximizou a lição central de todas as iniciações, apontou a porta da Vida onde o Amor é energia inesgotável, encorajando-nos a prosseguir na busca do "tesouro que a traça não consome e a ferrugem não destrói". E aquele que toma conhecimento de uma pequena parcela que seja dessa riqueza interior dedica-se automaticamente a propiciar tal processo a sua volta, como forma única de manter inextinguível a bem-aventurança de permanecer em contato constante com suas fontes de suprimentos. 31
  • 32. Por essa razão o Apóstolo dizia que "o Amor do Cristo nos constrange". Quem o experimenta abre comportas antes insuspeitáveis, permitindo desde então o fluxo perene de uma alegria desconhecida pela maior parte da Humanidade de hoje. Ao procurar amar como Ele nos amou, procuramos tomáLo por modelo, se já conseguimos sentir a beleza indescritível de tal Amor. Ao assim proceder, rompemos os selos do egocentrismo e as comportas da Vida Maior derramam-se sobre nossas vidas dando-nos a conhecer o Homem Novo que em nós adormecia. Nesse momento esplendoroso, inicia-se o processo do autoconhecimento, onde a Realidade do Ser se desvela gradualmente nas intensas lutas entre a Luz e a sombra que em nós habitam nas escalas menores da evolução. E a batalha épica da qual se ocupa o Baghavad-Gita se reproduz fielmente, pedagogicamente orientada por aqueles que caminham a nossa frente. No fragor de tal luta alegram-se Mestres e discípulos, pois esses são os filhos pródigos que retornam conscientes e voluntariamente, à Casa Paterna! 32
  • 33. Capítulo III COLOMBO E JUNG Pergunta - Que relação poderia ser estabelecida entre a figura histórica de Cristóvão Colombo e o mestre suíço da Psicologia Analítica? Ramatis - "O Senhor é nosso Pastor e nada nos faltará", diz o salmo bíblico. E em seguida o Salmista passa a descrever de que forma o Pastor atua para que as ovelhas sejam conduzidas durante o período de sua menoridade espiritual ao aprisco, através do Caminho repleto de perigos e de formas de refazimento e reconforto. E as ovelhas, representadas por toda a Humanidade, preocupam-se menos com sua meta do que com suas necessidades primárias de sobrevivência e prazer, num estado mal definido, semisonambúlico perante o panorama da Realidade que as cerca. Sendo assim, existe a premência da presença do Pastor e torna-se aconselhável que, na medida do possível, elas O reconheçam e O amem para que se torne menor o risco de se desviarem do Caminho. A relação possível entre Colombo e Jung consiste no fato de serem ambos "ovelhas" que abriram novas trilhas ou atalhos, sendo seguidos por muitos de seus irmãos de jornada. Pergunta - Considerando que ambos atuaram em áreas desvinculadas entre si e sem o objetivo específico de orientar espiritualmente os seres humanos, qual a importância que teriam para o desenvolvimento do presente trabalho? Ramatis - As leis herméticas com as quais os iniciados de todos os graus se familiarizam desde o início de sua formação, aprofundando-lhes o sentido à proporção que o tempo passa, afirmam, como um axioma de conteúdo claro e insofismável, que: "assim como é em cima, também é em baixo", ou ainda: "a Lei que rege o macrocosmo rege também o microcosmo". Acrescentam, como decorrência, que tudo é gradação vibratória na Criação e que os extremos simplesmente representam uma polaridade complementar, dentro do organismo vivo do Universo. Não há, pois, de que se admirar por estarem intimamente relacionados dois pioneiros de caminhos humanos pelo fato de que as trilhas por eles apontadas e seguidas pertencessem a setores vibratórios de dimensões diferentes, pois o espírito imortal precisa aprender a executar ações de desbravamento em todos os planos energéticos em que se encontra envolvido, sendo esse esforço permanente que lhe permite deslocar-se através das diferentes dimensões em que seus veículos de expressão se manifestam. Pergunta - Tendo em vista o fato de que fazemos parte das ovelhas que não reconhecem ainda a grandiosidade do Plano que orienta o processo da evolução, embora compreendamos a beleza do funcionamento orgânico do Universo, escapam-nos detalhes ou as implicações valiosas das relações entre o "grande" e o "pequeno". Poderíeis 33